Quem são meus pais?
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Imagem gerada por IA. |
Fiz
essa pergunta a mim mesmo há pouco tempo, cerca de três anos atrás. O momento
foi quando percebi que minha mãe, ali diante de mim, não era íntima minha. Como
isso é possível? Como pode um filho conviver com a mãe por mais de trinta anos
e não saber quem ela realmente é?
A
resposta é simples: meus pais são fruto de outra época, de outra geração e de
uma forma diferente de educar. Para nós, filhos, desde a mais tenra infância,
só existia uma regra: não faça perguntas e obedeça sem reclamar. Nós
internalizávamos isso e não ousávamos questionar.
Nossos
pais, por questão de respeito, não podiam permitir que os conhecêssemos
profundamente. Não podíamos saber que eles, assim como nós, também eram
humanos. Eles precisavam parecer perfeitos aos nossos olhos. Dessa forma,
construía-se uma relação de respeito tão profunda que não nos atrevíamos a
querer saber além do que já sabíamos.
Hoje,
porém, minha experiência em sala de aula me colocou diante de uma realidade
que, se eu não fosse professor, talvez jamais perceberia: muitos filhos, na
maioria das vezes (ou em grande parte delas), não conhecem seus pais. Não
conhecem mesmo, e não digo isso por serem jovens. Pois muitos sequer sabem os
nomes deles.
Filhos
que não sabem os nomes dos próprios pais? Como chegamos a esse ponto? Como nos
perdemos tanto em apenas três décadas? Na minha infância, podíamos não saber
muita coisa, mas os nomes de nossos pais e avós estavam na ponta da língua.
Há
contextos que justificam os filhos não saberem quem são seus pais, mas como
entender que crianças que vivem com os pais não os conheçam, a não ser por seus
apelidos? Que tal perguntar aos seus filhos se eles sabem qual é o seu nome? De
repente, essa situação pode estar acontecendo até com você. Mas, se você está
lendo este texto, as chances disso acontecer são quase nulas.
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