O lado certo e o lado errado
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Imagem gerada por IA. |
Aprendi
ainda na graduação de Pedagogia que existe uma maneira certa de pensar. Isso,
de acordo com o pensador messiânico esquerdista, Paulo Freire. Sendo assim, é
esperado do povo, especialmente dos acadêmicos, como se fosse uma religião, que
tomem partido de um lado ideológico, sem fazer quaisquer questionamentos ou
pedidos de explicações.
Com
base nessa premissa, se você é negro, gay, pobre, mulher, nordestino, de
qualquer outra suposta minoria ou minoria real, deve votar no PT, por exemplo.
Afinal, o PT é o partido que lhe defende e está do seu lado. Mas, caso o PT não
esteja disputando, você deve votar em qualquer outro partido de esquerda, pois
esse é o "lado certo" da política e do pensar ideológico.
Atenção:
os seus defensores desse ideário, não ficarão felizes se você decidir não se
juntar a eles. Lembre-se de que eles são democráticos, mas não tolerarão sua
"falta de empatia" caso decida que as propostas da esquerda não se
encaixam na sua visão de mundo. O que você quer não é maior do que a visão
deles, e isso não é um comportamento certo da sua parte. Então, pense bem se
realmente deseja se colocar contra o "lado certo" da história.
O
mais novo escândalo em relação à escolha de um lado, que só agora ganhou a
mídia, embora já fosse conhecido, gira em torno dos artistas e suas escolhas
políticas. De acordo com essa "religião", os artistas que não
aderirem à esquerda não podem mais ser contratados, pois são pessoas que não se
preocupam com pautas sociais. Ou seja, "odeiam" o pobre, a mulher, o
gay, o nordestino...
Para
os inquisidores marxistas identitários (os pregadores dessa doutrina) e
patrocinadores da perseguição, não existe no mundo ninguém de direita nem de
centro. Se não for de esquerda, é da extrema direita e, portanto, deve ser
defenestrado do mundo das artes. Há, nesse sentido, uma arte de esquerda (a
"boa") e uma arte de direita (a antidemocrática, racista e fascista).
Aonde
vamos parar com tanta divisão? O que acontecerá se continuarmos nessa peleja
rumo à idiotice suprema e à autodestruição? A beleza da humanidade está na sua
diversidade, que, no mínimo, deve ser respeitada, já que nunca seremos capazes
de aceitar a tudo e a todos. O que não podemos achar normal é que pessoas sejam
perseguidas por suas opiniões pessoais. Esse é um direito humano básico.
Concordância absoluta não existe nem mesmo em famílias de duas pessoas; o que
dizer então de um planeta com quase oito bilhões de indivíduos?
A
vida precisa significar mais do que estar de um lado do espectro político ou
ter determinadas opiniões. A experiência humana não pode se resumir a perseguir
ou ser perseguido. Precisamos superar essa dicotomia perversa. Liberdade é a
liberdade do outro. Aceitação só é real se é a aceitação do outro e se há
tolerância com suas peculiaridades.
Eu
quero ter o direito de ser como sou e pensar como penso; que você possa ser
quem deseja ser e pensar como achar melhor – e que tenha, inclusive, o direito
de mudar, caso deseje. Não podemos falar em democracia sem exercê-la. Esse
farisaísmo precisa ser exposto antes que obtenha ainda mais características do
fascismo puro e simples.
A
arte não pode ter um lado nem um partido. Ela precisa ser livre e poder
envolver e incluir a todos, bastando apenas que, do outro lado, exista uma
pessoa, e que suas opiniões sejam apenas delas. Religião e política, a gente
discute, mas a gente também respeita. Se não respeitamos as ideias, ao menos
respeitamos as pessoas.
Não
é humano categorizar pessoas em caixinhas de acordo com suas características;
isso só é feito em ditaduras, e isso, convenhamos, ninguém deseja, certo? Nós
não queremos um governo absolutista que decida tudo por nós, não é mesmo? A
sociedade não pode continuar excluindo pessoas por causa de suas escolhas. Que
cada um possa ter um espaço para existir e buscar a própria realização pessoal.
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