O melhor dos dois mundos: o paradoxo de ser e não ser

 

Imagem gerada por IA.

Já faz algum tempo que alguns jornalistas vêm sugerindo que os Ministros do STF larguem suas togas e se candidatem. A justificativa é que eles agem como políticos e, portanto, deveriam assumir esse papel oficialmente. Eu concordo plenamente com essa proposta. Afinal, agir como político e, ao mesmo tempo, usufruir dos privilégios de um juiz é injusto e desleal com os adversários.

Mas se reprovamos juízes que agem como políticos e tentam interferir no processo eleitoral, como tolerar um pastor que, sem nenhuma legitimidade, se comporta como dono de partido, decidindo como os políticos devem ou não se posicionar? Silas Malafaia tem se comportado assim nos últimos dias, sem abrir mão do título de pastor.

O primeiro alvo foi o ex-candidato a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal. Agora, chegou a vez de atacar Magno Malta, Nikolas Ferreira e até Jair Bolsonaro. Aos olhos de Silas, ninguém escapa. Ninguém está acima de sua sabedoria, nem deve ousar discordar dele.

Lamentavelmente, o pastor, que usufrui do melhor dos dois mundos — assim como alguns juízes também fazem —, segue em sua empreitada para influenciar a escolha do próximo presidente do Brasil. Mas, não seria melhor deixar o cargo de pastor e se tornar oficialmente um político? Claro que não! Políticos podem ser questionados, inclusive na justiça. Já pastores podem alegar razões divinas para seus posicionamentos. Da mesma forma, juízes podem alegar "a defesa da democracia" em suas ações. Quem seria contra Deus ou contra a democracia em sã consciência?

Na tentativa de controlar a política brasileira, Silas tem destruído sua própria reputação e atacado aliados que discordam dele. E os seus arroubos ultrapassaram os limites do aceitável. Já está na hora de ele voltar ao seu papel de pastor e se recolher ao ministério que diz ter.

Para a tristeza da direita e alegria da extrema-esquerda, Silas é soberano em sua religião e não há ninguém acima dele para adverti-lo e trazê-lo à razão. Pelo que tudo indica, essa usurpação democrática continuará firme e forte nos próximos anos. Qualquer político que não "beijar as mãos" de Silas Malafaia ou ousar agir sem sua aprovação prévia corre o risco de se tornar alvo de seus vídeos explosivos, capazes de destruir qualquer um politicamente.

Apesar do que o líder da ADVEC possa acreditar, seus muitos anos de ativismo político não o colocam acima de tudo e de todos, nem o tornam dono da verdade. Afinal, seu passado, não muito distante, mostra que ele também cometeu muitos erros.

 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Memorável: Gameleira, Pernambuco, elege a vereadora mais votada da sua história

Em Foco: A Valorização do Professor

Uma pandemia de diagnósticos