Jornalistas, professores, sacerdotes ou autores de ficção?
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Imagem gerada por IA. |
Há não muito tempo,
tínhamos a crença de que, para nos informar, bastava assistir ao telejornal
mais popular ou ler determinados jornais impressos. Ser jornalista era mais do
que ser alguém que traduzia conceitos difíceis para as massas; era uma missão, cuja
função era, única e exclusivamente, expor a verdade. Afinal, os fatos não têm
lado, não têm ideologias e não podem ser alterados por nossos sentimentos e
percepções.
Hoje, porém, os
leitores de teleprompter não se conformam mais em apenas dizer o que aconteceu.
Eles deixaram de ser comunicadores e passaram a ser intérpretes das
"verdades" que somente eles mesmos enxergam. Se você não vê as coisas
como eles, provavelmente é um extremista e não apenas um analfabeto. Caso fosse
apenas um analfabeto, quem sabe, poderia até ocupar uma cadeira junto a eles em
alguma TV paga que jura de pés juntos que o que faz é “jornalismo imparcial”.
Imparcialidade? Existem
homens livres de paixões? Óbvio que não. Logo, ser imparcial não é, ou pelo
menos não deveria ser, uma exigência do profissional de jornalismo. Porém, ser
honesto, sim. Incontáveis vezes nos deparamos com verdadeiros cultos à dissonância
cognitiva, onde estamos vendo o fato e, ainda assim, o jornalista diz se tratar
de algo completamente diferente.
Eles se comportam como
se fossem nossos professores e nós, dada a ignorância que acreditam termos,
somos tábuas rasas. Não sabemos de nada, não temos inteligência suficiente para
entender. É aí que entra a outra faceta do jornalismo atual, a do sacerdote: as
notícias são apresentadas de modo direcionado. Eles não querem que atentemos
aos fatos, mas que acreditemos neles. Se o que dizem não faz sentido, não
importa; devemos confiar neles da mesma forma que confiam cegamente nas suas
ideologias, que lhes roubam a capacidade de raciocinar livremente e perceber
com clareza que dois mais dois são quatro.
Não menos importante,
temos a figura dos autores de ficção. Trata-se de um discurso que ora é
jornalismo, ora é aula, ora é proselitismo, ora é uma bela e profunda viagem na
maionese. Nada mais importa: esses oráculos só estão fazendo o seu trabalho, e,
se nós não os entendemos nem aceitamos ser manipulados, a causa óbvia é a nossa
ignorância e arrogância. Isso gera o tão falado “desprezo à classe média”, que,
como disse alguém, "é a estupidez, é o que há de reacionário, conservador,
ignorante, petulante, arrogante, terrorista..." dentre outros elogios que
podem ser feitos aos brasileiros que não fazem parte da "gente
evoluída" do Brasil.
Por fim, tentando ser
tudo, essas figuras acabam por não serem nada. Não são nem uma coisa nem outra.
Não é por acaso a queda sistemática e progressiva da audiência desses programas
de TV. O público sabe que eles têm lado, que estão a serviço de uma ideologia,
de um partido, e que não estão informando, mas produzindo narrativas que a cada
dia convencem menos pessoas. Se você não assistir aos telejornais, poderá não
ter informação nenhuma; mas, se assisti-los, sem dúvida estará desinformado.
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