E se a constituição pudesse falar?
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A imagem não representa a realidade. Gerada por IA. |
Eu
me lembro como se tivesse acontecido ontem, mas já faz quase uma década. Era
uma tarde ensolarada e, diante de mim, lá estava ele, debaixo daquele pano
preto, vindo na minha direção. Eu não compreendia as expressões em seu rosto,
mas não me sentia segura. Ele me golpeou quando eu não estava olhando. Que
covardia! Todos viram, a mídia viu, mas ninguém fez nada. Eu sofri tanto com
aquele golpe, mas esperava que, pelo menos, depois daquele fatídico dia, isso
jamais voltasse a se repetir. Ledo engano. A partir dali, as agressões se
tornaram constantes, e eu apanhava dia sim, dia não. E, como se não bastasse,
ele ainda chamou os amigos. Eu, refém, não tinha como pedir ajuda. Até vi o
caso daquela moça que pediu ajuda por meio de um pedido do iFood, mas eu não
teria como utilizar esse recurso.
Pensava
que alguns dos meus filhos iam me defender, mas, para o meu desespero, eles não
fizeram nada. Hoje, enquanto estou na UTI, respirando por aparelhos e pedindo a
Deus que esse sofrimento acabe logo, lembro dos planos que tinha. Eu,
definitivamente, não aguento mais. Não suporto ver tanta gente sofrendo, tanta
gente oprimida e perseguida... Será que ninguém vai lutar por mim? Será que
eles sabem que, se não lutarem, eu não poderei ajudá-los? O que eu faço? Para
quem eu grito? Por que ninguém me ouve? Será que esse é o fim? Mas eu ainda sou
tão jovem, nasci há tão poucas décadas. Ainda não realizei os meus sonhos, nem
os sonhos dos meus filhos. Por favor, eu ainda estou aqui, não desliguem esses
equipamentos. Não...
Nota
de falecimento
Lamentamos
informar que, na tarde de hoje, faleceu a democracia brasileira. Ela não deixou
família nem filhos, pois todos a abandonaram quando foi atacada e estava
internada em estado grave há muitos meses. Ainda não há confirmação do horário
do velório nem do sepultamento. Em caso de atualizações... esqueça, ninguém
dirá mais nada.
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