A toga do pastor

 

Imagem gerada por IA.

Todos sabemos que, muitas vezes, a política é um jogo de conveniências. Por isso, há "sapos" que precisam ser engolidos. Mas como explicar o comportamento de Silas Malafaia em relação à disputa pela prefeitura de São Paulo, a capital mais importante do país?

Já estávamos acostumados a ver Silas Malafaia em seus vídeos contundentes, raivosos e esbravejando, mas esta é a primeira vez que o líder religioso não poupou nem seus aliados, desqualificando-os vergonhosamente. Primeiro, atacou Nikolas Ferreira. Em seguida, foi a vez de Marcos Feliciano, também pastor evangélico e deputado federal.

Subentende-se, com os posicionamentos do pastor, que, para São Paulo, qualquer um serve, exceto Pablo Marçal, que, nas palavras do próprio Malafaia, "não é o que diz ser" e manipula a opinião pública com técnicas psicológicas. No combate, Silas, que se resguarda pelo título de pastor, não poupou adjetivos para derrotá-lo politicamente — e conseguiu, ainda que momentaneamente.

Segundo o próprio fundador da ADVEC, Marçal não é de direita, não defende as mesmas pautas que ele e nunca havia se posicionado contra os desmandos do STF. Detalhe: Silas Malafaia sabe que sua coragem para questionar as decisões do STF vem do prestígio que tem junto ao público evangélico.

Por outro lado, exigir de Pablo Marçal a mesma "coragem" teria, obviamente, um único efeito: destruir sua candidatura. Alguém já viu Jair Bolsonaro atacar Moraes fora do cargo de presidente? Claro que não. Bolsonaro é limitado em muitos aspectos, mas não é tolo de entrar numa batalha em que não teria chances de vencer.

Quem assistiu aos vídeos "bombásticos" de Malafaia, que influenciaram os resultados das urnas, começou a se perguntar: afinal, por que tanto ódio gratuito? Por que tantas críticas contra um candidato e nenhuma crítica sequer aos candidatos da extrema-esquerda?

Malafaia desequilibrou a disputa, interferiu no processo democrático e, recentemente, louvou a si mesmo em um de seus cultos, no qual reconheceu que certo "dono de uma lojinha de porcentagem" e figuras como o governador do estado o haviam ligado para parabenizá-lo. Malafaia foi o fiel da balança. Ele se posicionou como o antagonista com "superpoderes divinos" oriundos de sua toga de pastor. Quem ousaria enfrentar alguém tão poderoso, não é mesmo? As redes sociais, pela primeira vez, estão em desacordo com ele. Apenas a esquerda parece ter comemorado a lambança.

Nunca é demais lembrar, mas vale repetir: os votos da direita pertencem aos eleitores de direita. Não são propriedade de padres, pastores ou líderes políticos que se utilizam do apoio público que possuem para se livrar de perseguições ao colocar o "gado" na linha de frente para ser sacrificado.

Outra questão que merece destaque é o comportamento do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. De incoerência em incoerência, ele vem perdendo apoio e abrindo espaço para que outros políticos se sobressaiam. Simplesmente não dá mais para continuar como está. Que tipo de líder da direita é esse?

Ou age-se com coerência, como Nikolas Ferreira, ou é melhor deixar a vida pública. Nós, eleitores de direita, não queremos ser representados por quem faz acordos com o inimigo. Foi para isso que Bolsonaro foi eleito? É para isso que os bolsonaristas existem? Para serem buchas de canhão e massas de manobra?

A direita precisa, de fato, recalcular suas rotas. Não podemos orbitar em torno de um nome ou de uma família. Cada brasileiro deve aprender a lutar por si e escolher seus candidatos com liberdade absoluta. Não podemos transformar o Brasil no retrato da política mais calhorda do interior do Nordeste, onde famílias se perpetuam no poder e submetem o povo aos seus interesses, enquanto dizem estar salvando-o, mas apenas salvam a si mesmas.




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