Amplo e complexo: o trabalho do professor

 

Imagem gerada por IA.


Na última semana, me deparei com um comentário de um professor em uma rede social que chamou minha atenção. Ele dizia que, em sua visão, o professor não é um educador, pois educar não é missão do professor, mas sim dos pais.

Essa visão coincide com a minha e penso que está se tornando cada vez mais comum entre os professores, ainda que o tema seja, em certa medida, um tabu. Docência não é adoção, e, ainda que educar faça parte do processo, não é a primeira das exigências. Professores e professoras não são pais substitutos.

Se antes bastava ensinar, transmitindo o conhecimento e criando meios para sua construção, hoje já não é mais aceitável que o professor seja neutro em questões humanas. Mas, nesse caso, como ficam os direitos dos pais em educar seus filhos? E, se o professor tem que cuidar de tudo, quem cuida do professor? Ou, quando ele achará tempo para se cuidar?

Sabemos que muitos professores trabalham em dois ou três turnos, estudam e ainda têm responsabilidades com suas famílias. Exigir cada vez mais não ultrapassa o bom senso? Se a situação continuar como está, deveremos nos acostumar a ver cada vez mais professores sendo afastados de suas funções por questões de saúde, sobretudo de saúde mental.

Além disso, devemos concordar que a maioria dos profissionais da educação não está preparada para tantas obrigações. Mas quem estaria? São cobranças e mais cobranças que se avolumam, sem quaisquer contrapartidas que façam jus ao que está sendo pretendido.

Seria obrigação do professor resolver os problemas da sociedade? Ainda mais recebendo tão pouco e tendo que se desdobrar para viver dignamente? A escola precisa cuidar de seus professores, não apenas envolvê-los em formações enfadonhas carregadas de discursos políticos partidários que, no fim das contas, não acrescentam em nada ao fazer pedagógico.

As propostas de ensino, as legislações e os regramentos são ótimos em termos de textos. Mas, e a realidade, como fica? Deveríamos ser mais realistas e menos utópicos. Não podemos fingir que, por estar escrito em algum lugar, esse direito ou obrigação salta do papel e interage com a realidade.

Pesquisas mostram que os alunos não têm aprendido, que as escolas estão aquém das necessidades e que a pedagogia atual não produz efeitos educativos relevantes. As multidimensões do trabalho pedagógico esperado do professor jamais serão alcançadas sem que se ofereça, ao menos, um treinamento razoavelmente adequado ao que o mundo tangível exige.

 


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