Sou o que sei

Imagem gerada por IA.

Uma das primeiras coisas que a gente precisa entender sobre qualquer pessoa é que cada indivíduo é o resultado das experiências que viveu e do conhecimento que detém. Isso vale tanto para um adulto quanto para uma criança.

Antes de julgar uma pessoa, deveríamos, portanto, tentar entender suas motivações e, antes delas, os conhecimentos que essa pessoa possui. Muitas vezes, certos pensamentos e formas de ser são apenas fruto da ignorância, e não de uma maldade deliberada.

O conhecimento é tão importante que sua aquisição tem o poder de mudar não apenas a personalidade de alguém, mas também o modo como esse alguém se vê e como enxerga o mundo. Conhecimentos são os óculos que usamos para ler o mundo.

Cada um tem o seu; ele é único e sob medida. Serve somente ao seu usuário e também o define, permitindo que outros, desde que empáticos, possam vê-lo. Mudar de óculos é muito difícil, mas, na maioria das vezes, ele precisa apenas passar por reparos: uma troca de peças, uma limpeza nas lentes.

Analisemos a situação seguinte:

Em uma praça de alimentação, uma criança de aproximadamente seis anos, aparentemente sem razão, está fazendo birra, jogando-se no chão, gritando e envergonhando seus pais, que não sabem como agir para acalmá-la. As pessoas que veem a cena tiram suas conclusões nos primeiros segundos de indignação. No entanto, de fato, ninguém sabe exatamente o que está acontecendo.

Para uma pessoa cuja fonte de análise é a própria história (o senso comum), a criança está apenas sendo mimada, a solução seria puni-la exemplarmente com castigos físicos, pois é assim que, segundo ela, uma criança mal-educada é corrigida e aprende a se comportar como gente.

Enquanto isso, um pedagogo, por causa dos conhecimentos que obteve, tende a fazer uma análise mais aprofundada e buscar entender o que motivou o comportamento inadequado. A criança em questão poderia ter um transtorno neurológico, quem sabe? Um julga; o outro tenta entender.

São duas pessoas, um fato, mas as conclusões são totalmente diferentes, e, se houvesse cinco pessoas, certamente seriam cinco opiniões distintas. O que determina a conclusão não é outra coisa senão o conhecimento do agente que faz a análise.

"Por isso, sou o que sei, sou o conhecimento que tenho. Somos o que sabemos, somos os conhecimentos que temos."

Um médico não se torna médico sem os conhecimentos profissionais necessários. E, ao obtê-los, ele então se torna. Da mesma forma, ninguém se torna professor sem os conhecimentos exigidos adquiridos na graduação, ainda que possua noções educativas.

Em nossas interações, insisto: vale a pena botar o pé no freio antes de tirar conclusões precipitadas, pois, do outro lado, está alguém diferente de tudo e de todos.

 


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