A história de José e Maria

Imagem gerada por IA.


José e Maria são irmãos gêmeos, ambos nasceram na cidade de Cubatá, no interior de Unabuco, estado do Nordeste. O parto foi em casa mesmo, com a ajuda da dona Nice, parteira experiente da região e que já fez o parto de centenas de meninas e meninos.

Mesmo estando em idade estudantil, os meninos nunca frequentaram a escola, pois, além de não haver nenhuma onde moram, não há transporte que passe perto do sítio onde vivem e, para piorar, na escola mais próxima não há vagas.

Se os irmãos pudessem frequentar a escola, segundo a mãe deles, seria muito bom, pois isso ajudaria a alimentá-los ao menos uma vez por dia. Claro, a merenda escolar não é das melhores, mas comida é comida, e é isso que importa.

José, desde os cinco anos, já ajudava o pai na roça para trazer o sustento da família, junto com seus dois irmãos mais velhos, de nove e dez anos, respectivamente. Os pais não têm escolha: ou os meninos trabalham, ou todos passarão ainda mais dificuldades.

Maria, que é a filha mais velha, tem como obrigação cuidar dos irmãos mais novos, ambos com dois e um ano de idade, enquanto a mãe sai quase todos os dias para pescar nos rios, em busca de alguma mistura. Mas, como pescar não é apenas questão de saber; também depende da sorte. Dona Neide volta muitas vezes com as mãos abanando.

No rosto daquela senhora e de todos os demais, estão as marcas do sol e do sofrimento. Ainda assim, eles não se queixam, pois são muito religiosos e gratos a Deus por tudo. Dona Neide só chora quando lembra dos filhos que perdeu por causa da fome. Mesmo assim, ela se consola na esperança de que algum dia, no sertão, correrão rios e as paisagens serão verdes.

Na família de José e Maria, todos são muito magros, pois nunca dá para comer o suficiente. As roupas de todos também são poucas e foram doadas. No riacho, até as poucas e sujas águas estão secando aos poucos. Na casa deles, sequer há energia elétrica e, às vezes, falta até o gás do candeeiro.

Ainda bem que a família de José e Maria conta com a solidariedade dos vizinhos, que partilham com eles as mesmas dores. Muitas vezes, os meninos já dormiram sem comer; outras vezes, foram os pais. A vida naquele lugar é realmente muito difícil.

Os animais que a família criava, dois bois, morreram de sede, e no terreiro tudo o que restou foram duas galinhas magras. Sim, a ração também é escassa, e isso já era de se esperar, visto que muitas vezes não há comida nem mesmo para a família.

Maria e José não sabem, mas vivem num país extremamente rico e, se houvesse justiça, eles não estariam passando por essa situação, vivendo uma vida sub-humana. Quem está ganhando com tanta desgraça? Quando haverá libertação a esse povo tão sofrido? Essas são perguntas que talvez jamais serão respondidas.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Memorável: Gameleira, Pernambuco, elege a vereadora mais votada da sua história

Em Foco: A Valorização do Professor

Uma pandemia de diagnósticos