Pelo direito de ofender

 

Imagem gerada por IA.

Com o advento do politicamente correto, todos nós fomos condicionados a escolher cada palavra com muito cuidado, pelo suposto risco de ofender alguém.

Ofender, por essa causa, deixou de ser algo que precise de uma intenção e passou a ser o resultado da escolha de alguma palavra não aprovada pelos fiscais de discursos: figuras barulhentas e nitidamente com tendências autoritárias.

Estamos sempre pisando em ovos em nossas interações sociais. Se errarmos na escolha de algum termo, podemos ser cancelados e difamados sem dó nem piedade. Aliás, piedade é uma palavra que essa gente que se diz oprimida não conhece.

Expressões como criado-mudo e caixa-preta, por exemplo, viraram sinônimos de racismo e esclarecer, então, nem se fala: tornou-se exaltação à raça branca. O certo é que essas palavras não possuem o significado que a elas se atribui nesse contexto de lacração.

Mas quem disse que alguém se importa? A língua portuguesa não tem vez nem voz. Se ela não diz o que acham, eles a torturam até que fale o que desejam ouvir.

Estamos vivendo num cenário de loucura. Loucura essa que tem sido aceita em nome de uma suposta tolerância. O problema é que, de tanta tolerância, está cada dia mais difícil preservar a liberdade do indivíduo de ser quem é. Suspeito até que, no futuro, livros serão retirados das prateleiras por não usarem termos adequados. Estaria eu sendo utópico?

Se as palavras ofendem, que ofendam. O que não podemos, sob nenhuma hipótese, é abrir mão das nossas liberdades humanas básicas. Afinal, o que é ofensivo para uns é o direito de falar do outro. O que para uns é sagrado, para outros é pecado. Se tem uma coisa com a qual devemos concordar, é em discordar. Por essa causa, lutemos pelo direito de ofender.

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