Mais uma história de uma conversa no taxi

 

Imagem gerada por IA.

Início da aula...

Como vocês sabem, eu sou professora universitária há 25 anos, e, se tem uma coisa que eu entendo bem, é a sociedade brasileira em todas as suas nuances humanas.

E é por isso mesmo que me obrigo a lutar contra o fascismo e por uma sociedade mais justa, por meio da minha prática pedagógica. Já ajudei centenas de jovens a se libertarem e se tornarem democráticos e críticos – e não há dinheiro que pague por isso.

No entanto, nos últimos anos, tenho percebido que as universidades nas quais leciono vêm sendo invadidas por fundamentalistas alinhados ao status quo capitalista. Eu entendo que são jovens, que são consequência de uma educação liberal. Mas isso não tem perdão. Juventude em rebeldia? Aonde vamos parar?

Outro dia, acredite você ou não, ao pegar um carro compartilhado nesses aplicativos de transporte, fui surpreendida até por um cachorro. Isso mesmo! Um ca-chor-ro! Um pitbull desses bem vira-latas.


Ao tentar iniciar uma conversa com o seu tutor sobre o aumento dos impostos e a culpa do nosso Banco Central nisso, o animal me retrucou: – Vem cá, em que mundo você vive? O da lua? Tá se informando com a Globo? Lendo o Brasil 247?

Sem reação, parei por uns segundos, belisquei o meu braço disfarçadamente; "talvez estivesse em um delírio momentâneo", mas não, o bicho de quatro patas realmente estava falando.

O tutor, que percebeu o meu espanto, logo explicou que estava tudo bem e que aquele canino realmente falava e, na verdade, era um transespécie. O que, devo dizer, me tranquilizou em certa medida. Mesmo assim, como explicar?

Elevando o tom, o cachorro exigiu que eu ficasse de boca fechada e esfregou na minha cara que eu não estava sozinha no automóvel e que buscasse manter o ambiente silencioso. Eu tentei me explicar, mas ele disse que eu o estava oprimindo e que não o respeitava como minoria.

O tutor tentou acalmar o seu pet, mas aquele cachorro estava irredutível. Ninguém além dele podia falar. Nem mesmo o motorista. Eu resolvi então me desculpar e reconhecer o meu lugar de privilégio. Nessas horas, agir com empatia é a melhor decisão.

Mas, até os cachorros estão negando as pautas da esquerda? Não é possível. Isso parece utopia. Quem já imaginou que, em pleno século XXI, ainda teríamos alguém pensando dessa maneira? Precisamos nos desconstruir com urgência.

As universidades, mais do que quaisquer outras instituições, precisam largar a neutralidade de uma vez por todas. Temos a obrigação de legar um país mais democrático e justo para as próximas gerações. Do fundo do coração, desejo que superemos o mito do cristianismo.

Força, foco e fé em nós mesmos! Nós conseguiremos juntos. Um dia não haverá mais opressão, e todos se respeitarão. Por enquanto, peço que cuidem uns dos outros e que permaneçam sendo verdadeiros.


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