Klaus achou a luz

Imagem gerada por IA.


Era manhã bem cedinho quando Klaus despertou e partiu para o campo. Seu desejo era ver as gotículas de água evaporando aos surgirem os primeiros raios do sol. Isso o fascinava, pois era como se as nuvens tivessem descido do céu.

Pegou seu chapéu de couro, vestiu sua calça de trabalhar, pôs o chinelo nos pés, chamou baixinho seu cachorrinho e partiu. Seus pais ainda estavam dormindo e seu irmão mais velho, com quem ele dividia o quarto, estava aos roncos, largado na cama. Montou sua bicicleta e partiu, sendo seguido pelo seu melhor amigo.

Chegando à plantação, o garoto subiu numa pedra, esfregou os olhos para despertar, tomou um gole d'água de sua garrafa e ali ficou por alguns instantes. Até que, de repente, sentiu que algo o observava. Virando-se, olhou e logo viu que havia algo no meio da plantação. Sem pensar, ele foi lá conferir.

Aproximando-se e afastando os ramos com a mão, ele viu algo que fez seus olhos brilharem, seu coração bater mais forte e seus lábios sorrirem. Ele não entendeu exatamente o que era, mas estendeu a mão e pegou; então pôs no bolso, olhou para o caminho e partiu depressa para casa.

Ao chegar, entrou correndo e gritando: "Mãe, pai, eu achei uma luz!" Todos se levantaram depressa e, assustados, viram que era mesmo verdade. Daquele dia em diante, Klaus não seria mais o mesmo.

Quando foi para a escola, o garoto não conseguiu se segurar e saiu dizendo a todos os colegas e professores: "Eu encontrei uma luz. Vejam, eu encontrei uma luz!"

Todos olhavam abismados. Aquele era mesmo um achado importante. As pessoas pediam para vê-la e, ao olhá-la, se sentiam extremamente felizes. Todos sentiam que não haviam visto a luz apenas, mas que a luz os tinha visto.

Os dias se passaram e Klaus continuou do mesmo jeito. Todos que ele via, ele mostrava aquela luz. E todos que a viam sentiam que não apenas tinham visto a luz, mas que a luz os tinha visto.

Klaus cresceu, fez faculdade, se formou, se casou, teve filhos, e hoje é médico, mas a cada nova pessoa que encontra, ele mostra aquela luz que encontrou. Ele, simplesmente, não consegue ficar calado. É impossível.

Depois de tantos anos, conversando com seu pai, já enfadado da vida, Klaus foi interrogado pelo velho. "Filho, como você encontrou essa luz? Eu sempre fiz o mesmo percurso e jamais a vi." Foi então que a luz, pela primeira vez, falou: "Você tem razão, você nunca me viu nem me ouviu, mas eu sempre estive lá. Mas, por não ser mais criança, você não conseguia me ver, nem me escutar."

A luz continuou falando por horas. O pai de Klaus tinha muitas perguntas e nenhuma ficou sem resposta. Klaus pegou sua luz e ofereceu-a ao seu pai e, adivinha só: agora era o pai de Klaus que falava da luz para todo mundo. Ele não conseguia não falar; simplesmente, era impossível esconder aquela luz que ele tinha.


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