Somente os loucos escrevem

 

Imagem gerada por IA.
Inspirada na obra do pintor Salvador Dali.

Escrever textos num país de não leitores é um verdadeiro ato de loucura. Mas quem mais seria louco de fazê-lo senão alguém que já descobriu as delícias de uma boa leitura?

Foi lendo que eu aprendi a ler e deixei de ser algum para ser alguém. Deixei de ser visto e passei a me ver. Deixei de olhar e passei a enxergar. Saí da mudez para o saber falar. Curioso, também passei a ser ouvido.

Mas e se ninguém ler o que eu escrevi com tanto zelo? Ainda assim, continuarei escrevendo, pois é possível que, algum dia, quem sabe, se saiba que um dia eu existi e ousei tentar pensar por mim mesmo.

Como fiz isso? Eu derramei a minha alma em cada palavra que desenhei e em cada frase que esculpi. Em seguida, os lancei ao vento que, por sua vez, espalhou o meu desejo de falar com alguns, com muitos e com todos os que desejarem.

Claro que também ouvi outros pensadores, e foi com eles que aprendi que ler é fácil e escrever também. Afinal, o que são conversas senão textos que escrevemos uns para os outros?

Sim, mesmo que nem todos leiam, todos nós escrevemos — não no papel, é claro, mas no pensamento —, e esses textos são indubitavelmente fabulosos, pois dizem mais do que sabemos, mas também quem somos.

Escrevemos tanto que, até quando dormindo, sonhamos. O que é um sonho senão um texto ideal, perfeitamente escrito?

 

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Memorável: Gameleira, Pernambuco, elege a vereadora mais votada da sua história

Em Foco: A Valorização do Professor

Uma pandemia de diagnósticos