Bolha no thread 3: a proibição dos celulares nas escolas
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Imagem criada por IA. Inspirada na obra de Da Vinci. |
Recentemente, nossos eficientíssimos legisladores aprovaram uma lei que proíbe o uso do celular em sala de aula. Agora, com essa lei super eficiente, a educação brasileira finalmente será de primeiro mundo.
Como
não poderia ser diferente, a temática chegou ao algoritmo engessado da rede
social Thread, uma cópia descarada do antigo Twitter e, hoje, X, que é
absolutamente chinesa em matéria de liberdade de expressão.
O
Thread, como as demais redes do Zuck, te força a viver em bolhas nas quais
apenas um ou dois assuntos permitidos. Se você é professor, por exemplo, só
terá acesso, basicamente, à conta de outros professores. Ou seja, será
praticamente, refém de uma única pauta.
Não
por acaso, as redes do magnata americano não sofreram nenhuma ação censória por
parte do atual governo e de seus instrumentos de proteção da democracia.
Infere-se,
portanto, que o Zuckerberg fez o seu dever de casa e, se adiantando na intenção
de agradar o regime, deu um jeito de controlar quais conteúdos nós temos
direito de acessar e interagir.
Mas,
voltando à legislação que estava faltando, a proibição do uso dos celulares,
algumas reflexões são válidas.
Proibir
é o caminho?
Na
minha opinião, a proibição nada mais é do que mais um passo na implantação de
um governo totalitário. Qual será o próximo passo? Nos impedir de falar de
certos temas nas redes sociais e nos ameaçar com prisões? Não, pera!
Como
disse certo pensador, aqui parafraseado, "de fatia em fatia, como se uma
mortadela fosse, as nossas liberdades vão sendo cada vez mais retiradas".
E o pior: isso acontece, muitas vezes, com a nossa anuência e com o apoio
daqueles que elegemos.
Deveríamos
nos preocupar com uma pauta que uniu tanto a esquerda quanto a direita
brasileira. O que eles estão vendo que nós ainda não vimos? É óbvio que o uso
do celular em horário de aula pode, sim, prejudicar o contexto pedagógico. Mas
é preciso uma lei federal para regulamentar isto?
Não
bastaria que o tema fosse tratado na própria comunidade escolar, tornando os
alunos reflexivos e levando-os a se educarem? Proibir por proibir, sem uma
conscientização, não fará nada mudar magicamente. Acreditar nisso é patético.
Medo
de filmagens?
Poucos
políticos se colocaram contra o PL 4.932/2024, que supostamente visaria
proteger a saúde mental e psicológica dos alunos, impedindo o uso dos
dispositivos em todas as etapas da educação, exceto em situações específicas,
como questões de saúde e emergências.
Qual
será o próximo passo? Proibir o uso dos celulares em todas as casas até certa
idade? Não parece coisa estranha uma lei tão específica e tão poderosa? E, em
caso de algum aluno se recusar a cumprir a lei, o que poderá a escola, na
pessoa de seus funcionários, fazer? Chamar a polícia? Para adolescentes?
Como
disse anteriormente, a questão, mais uma vez, é assunto educacional e não
legal. Usar o celular em sala de aula não é crime, mas, se considerarmos o
atual cenário revolucionário, pode ajudar a evitá-los e, não apenas isso,
ajudar a provar que eles existiram.
O
problema do não funcionamento da educação, quanto às suas premissas, não tem a
sua origem nos smartphones, mas no distanciamento que há entre as escolas e as
famílias, as famílias e os próprios filhos.
Professores
não educam; esse é o papel dos pais. Já os pais não escolarizam; isso é papel
da escola. Se ambos os lados se unirem, como no passado, e se os pais
recuperarem o seu protagonismo e autoridade, os problemas diminuirão
significativamente. Nada será resolvido com uma lei.
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