Ignorância ou conhecimento?

Imagem/Pixabay

Todo conhecimento, em especial os mais sofisticados, passa, em primeira instância, pela compreensão razoavelmente aprofundada da própria língua falada. Por isso, o analfabetismo total ou funcional tem o potencial de aniquilar, parcial ou totalmente, a compreensão da realidade que alguém venha a ter.

O homem que não entende o que alguém diz em suas variedades de significados possíveis jamais poderá usufruir da liberdade nem do próprio potencial cognitivo, mas será um eterno prisioneiro do conhecimento de outro, sendo forçado a acreditar no que ouve, sem ser capaz de entender aquilo que lhe é dito.

O conhecimento, por essa causa, é libertador. E, uma vez provado, jamais será desprezado, mas sempre acrescido. Cada novo conhecimento adquirido tem o poder de ampliar a visão do sujeito e, com um pouco mais de visão, algo mais pode ser visto. Esse processo se mantém em sequências progressivas. E, quanto mais se vê, mais se deseja ver.

Por isso, o homem que alcançou algum conhecimento jamais poderá ser tornado escravo de outro e, ainda que seu corpo seja aprisionado, sua mente jamais será acorrentada. Onde vive a liberdade, senão na mente daquele que entende em bom grau o mundo à sua volta? E como se manifesta a liberdade, senão por meio de posicionamentos embasados? O conhecimento torna os diferentes iguais; ele destrói as barreiras sociais e equaliza os homens.

Mas, claro, o desconhecimento é também uma bênção, e o não compreender o mundo pode tornar a vida muito mais leve e simples de ser vivida. Quem não se obriga a entender o mundo à sua volta, com as suas complexidades e injustiças, tem uma grande vantagem: jamais sofrer por coisas alheias.
Talvez esse não sofrimento seja, na verdade, uma recompensa que ajuda a aliviar o peso das adversidades e evitar responsabilizações. Afinal, só sofremos porque encaramos os limites que nos são impostos como um castigo. Já o ignorante não vê limites e, se os vê, não os percebe.
O homem que não possui um grande nível de conhecimento, com raras exceções, tende a enxergar tudo de maneira mais comum e objetiva, não atribuindo significados grandiosos aos acontecimentos da existência. Sendo assim, deleita-se no que tem, em vez de sofrer por aquilo que lhe falta. Nunca está sobrecarregado, pois o seu mundo está à parte da realidade dos demais. E, dentro do próprio mundo, está blindado dos demais mundos e do grande mundo.

Não seria esse o caminho do equilíbrio? Ignorar propositadamente aquilo que não é essencial à própria subsistência? Se é algo que eu não consigo mudar, por que deveria me preocupar? Isso seria ser ignorante ou ser sábio? Pessoalmente, eu preferiria a ignorância ao conhecimento, desde que a vida fosse mais fácil de ser vivida.

Mas cada um de nós nasce dentro de um contexto e, por vezes, não somos capazes de escapar a ele. O que fazer? Refletir sobre tudo e tentar entender tudo ou ignorar tudo que está além do próprio umbigo? Para essa pergunta também não há uma resposta fácil. Aparentemente, há coisas que caminham pelo campo do inexplicável e que não devem gerar dúvidas, mas aceitação.

 


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