A nova "igreja" do mundo
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Imagem gerada por IA. |
Já
houve um tempo no qual praticamente tudo aquilo que os homens pensavam passava
pelo crivo da religião. Logo, a primeira e a última palavra vinham da
"igreja", que era a porta-voz entre Deus e os homens, a balança do
certo e do errado.
Hoje,
porém, com o extremo avanço da tecnologia e da ciência, o homem vem se
afastando dessa perspectiva, abstendo-se, muitas vezes, de atribuir
significados metafísicos às coisas e buscando viver sob o olhar daquilo que a
ciência diz.
Nesse
sentido, na prática, trocamos um sistema religioso por outro. Se antes as
nossas verdades vinham da religião, hoje vêm da ciência. O problema, em si, não
é uma vertente ou a outra, mas a aceitação de um dogma — seja religioso ou
científico — que pretende explicar todas as coisas, excluindo-se qualquer
questionamento. Se tudo é respondido pela ciência, nada é ciência; se tudo tem
caráter religioso, nada mais é religião.
Fato
é que nem a ciência nem a religião têm o poder de explicar tudo ou nos fazer
entender plenamente o que nos cerca. Portanto, fechar-se ao conhecimento, seja
qual for a sua origem, constitui um equívoco, algo que se insurge contra a
própria inteligência humana, que, em essência, deveria estar aberta ao novo e
ao desconhecido — seja esse "novo" religioso, seja científico.
Não
há uma disputa real entre a ciência e a religião, mas sim a crença de que, para
ter fé, é necessário excluir o rigor científico, ou que, para se fazer ciência,
é necessário aniquilar a transcendência. O homem, porém, é tanto uma coisa
quanto a outra.
Nesse
sentido, as universidades se tornaram a nova "igreja" do mundo. É
nelas que, de maneira metodológica e intencional, se tenta "libertar"
o homem, atribuindo-lhe significado apenas material. Mas, para além de qualquer
dúvida, o ser humano é intrinsecamente religioso e, não importa o que aconteça
em matéria de evolução tecnológica, ele ainda buscará fora de si (no
transcendental) a resposta que lhe dá sentido último.
O
que se tem feito na academia, muitas vezes, não passa de puro proselitismo;
pouco há de ciência, mas de crenças difundidas como se fossem verdades
absolutas. Enquanto isso, a mesma ciência diz que não há verdades,
contrapondo-se a si mesma.
Na
tentativa de, digamos, combater crendices, está-se unicamente propondo uma nova
cosmovisão, que, no fundo, nada mais é do que uma vertente religiosa de leitura
do mundo disfarçada de razão, fazendo crer que os que creem são ignorantes,
enquanto os que têm na ciência a verdade são os verdadeiros intelectuais.
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