Para se comunicar bem, escreva errado

Imagem gerada por IA.

Antigamente, as redes sociais sempre estavam cheias de memes super engraçados de professores de português tendo ataques cardíacos ao lerem os textos nas postagens de seus alunos. O motivo? Os muitos erros, é claro. 

De sério na piada, só mesmo a realidade, que exemplifica com exatidão o que se passa no mundo real. Pois raramente você encontra, nas redes, alguém que realmente saiba escrever com razoável qualidade. 

Nos últimos tempos, no entanto, tenho percebido um fenômeno que tem me chamado a atenção: escrever corretamente nas redes sociais pode ser a estratégia mais errada para se comunicar. Mas, em contrapartida, se você escrever errado, sem levar em conta as normas, poderá ser compreendido perfeitamente. 

Por assim dizer, estamos diante de um fenômeno linguístico inédito, no qual escrever errado tornou-se a maneira certa de escrever. A título de exemplo, se você estiver tentando fazer uma pergunta, não precisa utilizar o sinal de interrogação no final da frase, mas deve fazer uma afirmação. 

Se afirmar, você terá a sua pergunta entendida, pois esse linguajar fora do padrão e das regras possui o seu próprio jeito de se fazer entender. Antes, falávamos do internetês, do encurtamento das palavras, mas hoje não se trata apenas de uma linguagem característica do mundo virtual, mas do resultado de uma não alfabetização. 

Por assim dizer, os não proficientes desenvolveram uma forma própria de se comunicar. Nela, para se fazer entendido, não é necessário dominar o uso correto da língua, mas estar na gigantesca bolha dos que trilharam o caminho inverso ao esperado. Não há, portanto, uma progressão subsequente das aprendizagens, mas uma regressão funcional. 

Nela, os usuários não dominam a habilidade tradicional de ler e escrever competentemente, mas desenvolveram uma forma própria de burlar a linguagem culta e se comunicar, ainda que de maneira equivocada, atingindo os objetivos comunicativos.


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