Eu discordo, mas respeito
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Imagem gerada por IA. |
A afirmativa que dá nome a este texto, em si, é uma
grande falácia, pois, para respeitar alguma coisa, eu preciso concordar com
ela. Logo, se eu discordo, intrinsecamente não há como respeitar
verdadeiramente.
Aquilo que eu respeito, obviamente eu aceito. Por
essa causa, a gente precisa trocar o “eu discordo, mas respeito” pelo “eu
discordo de você, mas reconheço o seu direito de pensar assim.” É questão de
coerência cognitiva, de autopercepção da realidade e capacidade crítica de
analisar as próprias ideias e conceitos.
Vivemos num mundo no qual ser incoerente até com a
própria maneira de pensar virou a regra, tudo por medo da tal famigerada
polarização tão condenada na mídia e na boca dos “intelectuais e
especialistas”. Mas então devemos nos questionar: desde quando o mundo foi
feito de unanimidades? Obviamente, nunca.
Desde que começaram os registros históricos, já se
manifestaram as guerras e as lutas religiosas. Havia, sim, pontos comuns a
todos, porém nunca houve igualdade de pensamento. Aliás, nunca houve, nunca
haverá, e o ideal é que nunca haja. Pois a única possibilidade de todos
“pensarem igualmente” é num sistema totalitário. Mas, nesse caso, não por
concordância, mas por imposição.
E nós não queremos que alguém nos diga o que e como
pensar, não é mesmo? Por isso, polarização, discussão e debate não podem ser
outra coisa senão sinais de vida e democracia real. Se tem uma coisa com a qual
precisamos concordar é em discordar. E discordar de maneira amigável e
tolerante, algo a meu ver fascinante. Pois apenas quando alcançamos esse nível
de maturidade somos capazes de reprovar profundamente as ideias de uma pessoa
e, ainda assim, ter um bom relacionamento com ela.
Então, quando alguém disser que discorda das suas
ideias, mas as respeita, tenha uma convicção apenas: essa pessoa está mentindo,
ainda que não perceba.
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