Educar em diferentes contextos

Imagem gerada por IA.

A primeira de todas as exigências para quem precisa lidar com gente deveria ser esta: gostar de gente. Esse gosto, creio, não nasce com a gente, mas pode ser aprendido, à medida que nos tornamos capazes de enxergar no outro um pouco de nós mesmos.

Gostar de gente, ter apreço por pessoas e por suas peculiaridades, não significa, de modo algum, ser complacente com seus equívocos, mas utilizá-los como oportunidade para construir algo positivo.

O objetivo das relações humanas é criar conexões bilaterais, e não evitá-las. Por isso, gostar de gente é um ingrediente insubstituível nos encontros humanos, independentemente do contexto.

Um erro, em essência, pode não ser algo ruim, mas uma oportunidade de analisar a realidade e, assim, tomar medidas efetivas sobre ela. Compreender essa verdade transforma qualquer problema em uma grande chance de evoluir e crescer junto com o outro.

No contexto familiar, por exemplo, ao perceber um comportamento inadequado, é fundamental utilizar os erros cometidos pela criança para ensiná-la e fazê-la refletir sobre seus atos, em vez de simplesmente puni-la. A punição, portanto, deve ser o último recurso. Se uma criança quebra um copo, obrigá-la a se ferir com um dos cacos como forma de punição não a ensinaria a ter mais cuidado; apenas causaria sofrimento sem propósito educativo.

No contexto escolar, a lógica é basicamente a mesma, pois educar é muito mais eficaz do que apenas punir. Isso significa frustrar o educando no sentido de não lhe oferecer a reação que ele espera por seus atos, mas sim surpreendê-lo, mudando suas previsões. Sabemos como as pessoas agem e, por isso, conseguimos antecipar quais são suas expectativas em relação às consequências de seus erros. Não atender a essas expectativas pode ser extremamente útil para o aprendizado.

Se um aluno se comporta mal, ele não deve ser punido imediatamente, mas precisa ter a chance de se corrigir, se retratar e modificar seu comportamento. Afinal, nossa função como educadores – sejam pais ou professores – é educar, o que significa possibilitar ao educando novas experiências relacionais e emocionais. Muitas vezes, essa pode ser a única oportunidade real de aprendizado que ele terá.

Por isso, assim como educar os alunos é essencial, educar os pais e os educadores também. Mas, claro, tudo depende da disposição para o novo, da coragem de dar um passo adiante, de respirar fundo e incluir o problemático na solução do problema. Afinal, há questões que não podem ser resolvidas sem a participação ativa de quem as causou. Se a estratégia adotada não está funcionando, talvez seja o momento de repensá-la e buscar uma nova abordagem.


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