Educar em diferentes contextos
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A
primeira de todas as exigências para quem precisa lidar com gente deveria ser
esta: gostar de gente. Esse gosto, creio, não nasce com a gente, mas pode ser
aprendido, à medida que nos tornamos capazes de enxergar no outro um pouco de
nós mesmos.
Gostar de gente, ter apreço por pessoas e por suas
peculiaridades, não significa, de modo algum, ser complacente com seus
equívocos, mas utilizá-los como oportunidade para construir algo positivo.
O objetivo das relações humanas é criar conexões
bilaterais, e não evitá-las. Por isso, gostar de gente é um ingrediente
insubstituível nos encontros humanos, independentemente do contexto.
Um erro, em essência, pode não ser algo ruim, mas
uma oportunidade de analisar a realidade e, assim, tomar medidas efetivas sobre
ela. Compreender essa verdade transforma qualquer problema em uma grande chance
de evoluir e crescer junto com o outro.
No contexto familiar, por exemplo, ao perceber um comportamento
inadequado, é fundamental utilizar os erros cometidos pela criança para
ensiná-la e fazê-la refletir sobre seus atos, em vez de simplesmente puni-la. A
punição, portanto, deve ser o último recurso. Se uma criança quebra um copo,
obrigá-la a se ferir com um dos cacos como forma de punição não a ensinaria a
ter mais cuidado; apenas causaria sofrimento sem propósito educativo.
No contexto escolar, a lógica é basicamente a mesma,
pois educar é muito mais eficaz do que apenas punir. Isso significa frustrar o
educando no sentido de não lhe oferecer a reação que ele espera por seus atos,
mas sim surpreendê-lo, mudando suas previsões. Sabemos como as pessoas agem e,
por isso, conseguimos antecipar quais são suas expectativas em relação às
consequências de seus erros. Não atender a essas expectativas pode ser
extremamente útil para o aprendizado.
Se um aluno se comporta mal, ele não deve ser punido
imediatamente, mas precisa ter a chance de se corrigir, se retratar e modificar
seu comportamento. Afinal, nossa função como educadores – sejam pais ou
professores – é educar, o que significa possibilitar ao educando novas
experiências relacionais e emocionais. Muitas vezes, essa pode ser a única
oportunidade real de aprendizado que ele terá.
Por isso, assim como educar os alunos é essencial,
educar os pais e os educadores também. Mas, claro, tudo depende da disposição
para o novo, da coragem de dar um passo adiante, de respirar fundo e incluir o
problemático na solução do problema. Afinal, há questões que não podem ser
resolvidas sem a participação ativa de quem as causou. Se a estratégia adotada
não está funcionando, talvez seja o momento de repensá-la e buscar uma nova
abordagem.
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