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Quando a influência pesa mais que a razão

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  Imagem gerada por IA. Você certamente ouviu falar da história envolvendo uma eminente pessoa religiosa e o funcionário de uma rede de lojas de elite, que tomou as redes sociais nesta semana. O entreveiro se deu após o religioso utilizar-se de sua fama e influência para cobrar os supostos direitos do consumidor, que ele teria perdido ao tentar comprar um produto fitness cujo preço diferia entre a oferta e o caixa. A celebridade contemporânea, diferente de pessoas comuns, não aceitou ser desagrada (algo que suponho ser incomum). Após a situação desagradável, resolveu usar suas redes para "pedir justiça" — a meu ver, vingança. E o resultado não poderia ser outro: a demissão de um homem trabalhador em busca de sobreviver. O sacerdote deu a sua versão e, num primeiro momento, conseguiu atrair o apoio de muita gente. O que ele não esperava, no entanto, era que o suposto causador da ofensa também viria a público se pronunciar. Jair (para o desafeto de alguns), o ex-gerente...

Uma vida geocêntrica

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  Imagem gerada por IA. Antigamente, havia uma disputa entre a religião que dominava o mundo e aqueles que buscavam se valer da ciência em suas crenças. A religião afirmava que a Terra era o centro do universo, porquanto nela havia vida, enquanto os cientistas diziam que este lugar era ocupado pelo Sol. Uns eram geocentristas e os outros, heliocentristas. A disputa gerou perseguição e mortes, mas nos legou o termo que utilizarei neste texto para falar de gente, gente como a gente. Os doravante denominados: geocentristas. Por definição, pessoas que acreditam ser o centro do universo. Explico a minha motivação para este texto... Certa vez, numa formação de professores, uma das palestrantes exibiu um slide que marcou o meu psicológico profundamente. Nele, víamos duas imagens da Terra. Acima da imagem da direita, estava escrita a seguinte frase: "Este é o mundo com você", e do outro lado a mesma imagem com o seguinte dizer: "Este é o mundo sem você". A lição que e...

As mesmas pedras

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  Imagem gerada por IA. Numa aldeia à beira de um riacho que por vezes transbordava, havia um caminho por onde muitos passavam. Ali, os indiozinhos recolhiam muitas pedrinhas com as quais brincavam. Aquela era uma de suas brincadeiras preferidas: recolher e brincar com as pedras. Certo homem, agricultor, ao andar por aquela estrada, deu com o pé em uma das pequenas pedras, clara e transparente. Pensou se tratar de um caco de vidro. Xingou uns palavrões, lastimou-se da vida. E, irritado, saiu caminho afora se queixando: Que droga de pedras! Que droga de vida! — dizia ele para quem quisesse ouvir. Na mesma estrada, no mesmo dia, passou um menino de uma fazenda próxima. Vendo uma das pedras, notou que ela muito se parecia com os copos de cristal da sua avó. Tomou um punhado delas em sua mão, pôs no bolso e levou-as para a sua casa. O seu pai, sem saber que pedras eram, gritou: — Joga essas pedras fora, menino! No dia seguinte, uma jovem da cidade passou pelo mesmo caminho, ainda...

O livro, a cadeia e a escola

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  Imagem gerada por IA. O livro mais lido de todos os tempos, e mais reproduzido no mundo, a Bíblia, ocupa também outro lugar de destaque – o de livro mais odiado da terra. De acordo com o Guinness, o livro dos recordes, já foram impressas mais de cinco bilhões de exemplares do livro sagrado da fé cristã. Mas o que deveria cacifar a obra como uma das mais aceitas da literatura, teve efeito exatamente contrário. A Bíblia tornou-se livro non grato e os seus leitores, quando praticantes, alvo das mais perversas perseguições religiosas. Estima-se que no mundo haja, hoje em dia, cerca de duzentos milhões de perseguidos unicamente por serem cristãos. A culpa, óbvio, é da Bíblia, “o livro odiado”. Odiado a ponto de, em muitos países, ser proibido e ensejar prisão e morte. Em terras brasileiras, não obstante, também há preconceito; ainda assim, há Bíblias para todos os gostos — há até mesmo Bíblias que são contra a Bíblia. Mas o que esse livro tem de tão ruim que causa revolta até em...

Agora é tarde demais

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  Imagem gerada por IA. O dia era só mais um dia comum. Acordei no horário de sempre, tomei o mesmo banho rápido, tomei o café de sempre e parti para o trabalho. Era terça, e minha esposa tinha saído mais cedo que o normal – ela precisava levar os meninos à escola mais cedo, pois tinha uma consulta marcada na clínica às dez da manhã. Ela saiu e nem me acordou, mas o meu café da manhã já estava sobre a mesa. O de sempre: pão, torrada, ovos mexidos e café. Ela nunca falha. Não tenho dúvidas de que ela é a mulher da minha vida. Não foi o meu primeiro amor, mas será, sem dúvidas, para sempre. Eu mal posso acreditar que, na noite passada, eu a traí com sua melhor amiga. É que eu sou homem, e a gente sabe que no coração ninguém manda. Não é questão de caráter, você sabe, eu ainda a amo e nada mudou, mas a gente é feito de momentos. Eu falhei, eu sei, mas quem nunca? Acho que até ela mesma já deve ter me trocado por outro em algum momento. Ninguém é de ferro, e somos todos humanos. ...

O que é Lemocracia?

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  Imagem gerada por IA. Já ouvimos da boca de certo político famoso no Brasil que o conceito milenar de democracia é algo relativo, que não tem significado fixo, mas depende da aplicação que o indivíduo faz dele. Dessa forma, se democracia é qualquer coisa, logo não é nada. Em termos numéricos, poderíamos dizer que, no Brasil, por exemplo, poderiam haver ao menos 200 milhões de definições diferentes do conceito de democracia — e todas seriam igualmente válidas. Eu acho isso muito complexo e confuso e, por essa causa, proponho que nós, brasileiros do século XXI, “empoderados como somos”, passemos, a partir de agora, a não mais usar o termo democracia para nos referirmos ao nosso modelo de governo, mas que, ao invés disso, o chamemos de “Lemocracia”. Isso mesmo: democracia com “L”. Se você preferir, poderá chamar também de trans-democracia — uma não-democracia que se identifica como se fosse uma democracia pujante e exige ser tratada como tal. Essa coisa bizarra, na qual os três ...

Um teatro sem ensaios, mas com tudo combinado

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  Imagem gerada por IA. Você já teve a sensação de que não conhece as pessoas à sua volta? Se sim, há grandes chances de você estar absolutamente correto. Na verdade, é plausível dizer que você sequer conhece a si mesmo em sua totalidade, pois a vida é um eterno descobrir e redescobrir. Cada situação nos revela um pouco mais de nós a nós mesmos. Mas, se não conhecemos a nós mesmos, como então poderemos dizer que conhecemos os outros? Cada pessoa carrega consigo a sua máscara — na verdade, uma coleção delas. As que vemos são unicamente as que nos permitem ver ou as que decidimos fingir acreditar. Por isso, confiar cegamente em alguém é, de fato, um ato de loucura, especialmente quando se trata de alguém que você não "conhece". Antes de tudo, precisamos entender que a maioria das pessoas não gosta da gente; elas nos toleram. Gostam, sim, daquilo que temos ou que podemos lhes oferecer. Na quase totalidade dos casos — conclusão a que cheguei com minhas experiências —, cada um...

Aos críticos, nada. Ou quase nada!

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  Imagem gerada por IA. Por diversas vezes, pessoas próximas a mim já me pediram ou me aconselharam a mudar o meu jeito de ser. O motivo, por incrível que pareça, não é o fato de eu ser uma pessoa má ou prejudicial aos outros, mas sim a minha maneira de agir. Até o jeito como eu falo já foi alvo de críticas. Não pelo tom desrespeitoso, mas pelas palavras que eu uso. Pessoas já se ofenderam até com o meu vocabulário, dá pra acreditar? Eu, por outro lado, nunca fiz algo semelhante com ninguém e acho isso absurdamente ofensivo. Não julgo as pessoas por suas personalidades, jeitos de ser ou de falar. Sempre procuro me colocar no lugar do outro, sem lhe imputar defeitos que nada mais são do que sua própria maneira de ser — exceto se essa pessoa for, de fato, mal-educada. Não digo com isso que lidar com pessoas diferentes de mim seja algo sempre fácil. Muitas vezes, certos comportamentos ultrapassam, para mim, o limite do razoável. Mas, sendo esse o caso, simplesmente respeito a indi...

O básico não é exigência nem um privilégio

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  Imagem gerada por IA. Certa vez, precisei ir ao médico, então fiz toda aquela romaria necessária quando você não consegue pagar por uma consulta particular. Marquei a consulta ou, melhor, como ainda estava muito distante a próxima vaga, consegui trocar de lugar com um parente meu, cujo estado era menos grave. No dia da consulta, eu estava na maior expectativa, pensando em contar ao “doutor” tudo o que eu estava sentindo – os sintomas e as minhas dores. Como não poderia ser diferente, o médico atrasou por alguns minutos. Mas até aí, tudo bem, isso já é trivial em matéria de serviço público. Pois bem, esperei na fila pela minha vez e, assim que fui chamado, logo adentrei o antigo quarto de uma casa familiar que se tornou posto de saúde. Sem problemas, o importante é o que importa, pois o atendimento dispensado, quando bom, vale mais do que o ambiente. Ao cumprimentar a figura de branco e lhe mostrar os exames que trazia comigo, algo espetacular aconteceu: ele conseguiu ler to...

A comida que nós servimos

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  Imagem gerada por IA. Para mim, todo professor pode ser comparado a um chefe de cozinha. Ele pode até não ser o autor das receitas que prepara, mas é o responsável por preparar e servir da melhor maneira os alimentos que serão consumidos. Por isso, o seu papel é tão crucial. De posse dessa premissa, creio válida, nos cabe uma análise enquanto educadores secundários que somos. Então, nos perguntemos: eu comeria do prato que estou servindo aos meus clientes? Eu estou servindo da melhor forma? Eu gostaria que um filho meu comesse o que eu sirvo? Como tudo na vida humana, a presença do outro (do consumidor) não pode ser desprezada nem colocada em segundo plano, pois, se alguém é necessário para ensinar (preparar as refeições), antes foi necessário alguém para aprender (consumir). Se alguém prepara o prato, só o faz porque sabe que alguém pagará para comê-lo. Há, portanto, uma relação bilateral de dependência. O professor, no seu fazer educação, assim como qualquer outro profiss...