Roberto, o aniversariante
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Imagem gerada por IA. |
Era
uma quinta-feira, mas não uma quinta qualquer. Era o aniversário do Roberto. No
trabalho, os colegas fingiram ter esquecido, e ele, que esperava ser recebido
com uma surpresa, ficou extremamente decepcionado. Mas não podia demonstrar
isso. Ia parecer que tinha alguma espécie de sentimento além do coleguismo em
seu coração, e ele não queria sentir-se dependente emocionalmente.
"Chegou
a hora do almoço", pensou Roberto, "vai ser agora. A galera não
esqueceu do meu aniversário. Eu contei pra todo mundo na semana passada."
Mas, para seu desânimo, nem mesmo um “parabéns” ele recebeu. A comida descia
goela abaixo com gosto de fel. Mas tudo bem, afinal, colegas não são família.
Não têm que comemorar o nosso aniversário.
Durante
aquela tarde, ninguém — ninguém mesmo — parabenizou Roberto. Sequer uma
mensagem de texto via WhatsApp ele recebeu. Agora já não restavam dúvidas:
ninguém havia lembrado do seu aniversário.
Voltando
para casa, enquanto dirigia em meio ao caótico trânsito de São Paulo, Roberto
revirava as lembranças das vezes que tinha tirado dinheiro do próprio salário
para homenagear os amigos. Ele não podia acreditar que haviam se esquecido
dele. No fundo, seu coração estava chorando.
Ao
entrar em casa, porém, para sua surpresa, todos os colegas de trabalho o
esperavam junto com seus familiares. Tinham preparado um churrasco daqueles —
e, claro, um bolo e um presente.
Soltou
um sorriso meio acanhado e saiu abraçando cada um dos presentes. Sentia-se uma
porcaria por ter julgado os amigos, a família, o cachorro, o periquito...
Chega, então, a hora de cantar parabéns e cortar o bolo. Após, um dos amigos
saca uma bolsa com um presente e, em nome dos colegas, entrega a Roberto.
Ele
abre, imaginando que, de repente, seria um iPhone — mas não. Era um kit de
produtos de perfumaria. Roberto mudou o humor imediatamente e, então, furioso,
perguntou:
— Vocês estão insinuando que eu estou fedendo? Isso lá é presente que se dê a
alguém? Podem levar essas porcarias! Deixou todos ali e saiu se queixando.
Lição
da história: as pessoas vivem mais baseadas nas
próprias crenças e expectativas do que na realidade das coisas, e não importa o
que você diga ou faça: sempre haverá alguém disposto a tornar a solução em
problema, o belo em coisa feia, o chuvisco em tempestade e o copo d'água em
oceano.
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