As mesmas pedras

 

Imagem gerada por IA.

Numa aldeia à beira de um riacho que por vezes transbordava, havia um caminho por onde muitos passavam. Ali, os indiozinhos recolhiam muitas pedrinhas com as quais brincavam. Aquela era uma de suas brincadeiras preferidas: recolher e brincar com as pedras.

Certo homem, agricultor, ao andar por aquela estrada, deu com o pé em uma das pequenas pedras, clara e transparente. Pensou se tratar de um caco de vidro. Xingou uns palavrões, lastimou-se da vida. E, irritado, saiu caminho afora se queixando: Que droga de pedras! Que droga de vida! — dizia ele para quem quisesse ouvir.

Na mesma estrada, no mesmo dia, passou um menino de uma fazenda próxima. Vendo uma das pedras, notou que ela muito se parecia com os copos de cristal da sua avó. Tomou um punhado delas em sua mão, pôs no bolso e levou-as para a sua casa. O seu pai, sem saber que pedras eram, gritou: — Joga essas pedras fora, menino!

No dia seguinte, uma jovem da cidade passou pelo mesmo caminho, ainda ao amanhecer. Notou as pedrinhas diferentes entre tantas outras. Juntou apenas umas cinco delas, por causa da pressa, e pensou: Vou usá-las para fazer uma joia.

Na semana seguinte, no mesmo caminho, passou um engenheiro. Ao reluzir do sol, logo viu uma das pedras e notou que havia outras. Apressou-se, abaixou-se fingindo amarrar o cadarço da bota, juntou o máximo que pôde achar e levou para a sua casa. Fez umas fotos delas e as enviou para um amigo joalheiro da cidade grande, que ficou impressionado.

Ao que tudo indicava, aquelas pedras eram diamantes. Raros e caros. Na verdade, valiam uma fortuna e certamente fariam alguma noiva ou madame muito feliz. O engenheiro logo voltou ao mesmo lugar para procurar outras pedras e achou dezenas delas.

O mais incrível era que elas eram encontradas em várias cores e, quanto mais coloridas, mais valiam, pois isso as tornava ainda mais especiais. O engenheiro, que já era rico, tornou-se um milionário após o seu achado. As pedras eram exatamente as mesmas, mas os olhos que as viam, não.

Somente o conhecimento que você detém sobre as coisas pode fazê-lo mensurar o seu valor. Isso não tem nada a ver com o significado que você atribui, mas com as lentes que os seus olhos utilizam para entender a realidade. Para alguns, uma pedra rara é somente uma pedra; mas, para outros (os que veem), pode significar o caminho para a grandeza.

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