Por que eu odiava a minha professora?

Imagem gerada por IA.

Como a maioria dos estudantes, eu sempre tive a sorte de ter professores muito especiais. Não, eles não eram apenas importantes, eles eram especiais mesmo. Eles sempre me incentivavam e sempre me faziam ver coisas boas em mim. Coisas que eu mesmo não via. Foi por causa deles que eu resolvi ser professor.

No entanto, na vida, nem tudo são flores e, como não poderia deixar de ser, eu tive também professores muito difíceis de lidar. Uma delas, confesso, cheguei a odiar por algum tempo. O motivo? Ela não tinha modos de falar e achava que, por ser professora, estava em um patamar diferente (se não achava, nos fazia entender) dos seus alunos e, por isso, podia dizer tudo que quisesse, e nós, na condição de alunos (pessoas inferiores, supostamente), deveríamos apenas aceitar.

Claro que eu não aceitava essa situação e, por isso, tivemos alguns embates, mas os embates não foram apenas comigo – a turma toda (sem exageros) a detestava. Ela era uma boa professora, muito preparada para lecionar, mas o seu trato com a turma era péssimo, e ninguém gosta de ser maltratado. Nem professor, nem aluno.

Ainda bem que, após tantas reclamações nossas, ela foi chamada à reflexão e concluiu que precisava reiniciar, ou melhor, começar um relacionamento com a turma. Certo dia, então, resolveu suspender a aula e fazer uma roda de conversa para consertar o rumo das coisas. De início, a turma ficou temerosa (por causa do seu perfil), mas, aos poucos, todos os que quiseram puderam falar.

Atentamente, ela pediu para que falássemos como ela poderia melhorar e onde estava errando. Todos conversamos, nos entendemos e, depois daquele dia, a constante guerra e as agressões mútuas se findaram. O que estava faltando era apenas respeito e diálogo. Respeito dela por nós e de nós por ela, que, na posição de oprimidos, revidávamos.

Em resumo, todos estávamos errando em alguma medida e precisávamos mudar. Mudamos, e tudo se resolveu. Concluímos o curso, e a antes professora intragável se tornou amiga de todos os alunos. Por assim dizer, não desistimos dela, e ela não desistiu de nós. Educação é isso: não desistir e entender que todos na escola são gente. E que gente é imperfeita e está aprendendo a ser gente. Por fim, tudo era uma questão de comunicação. Eliminando-se a causa, findou-se o problema.

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Memorável: Gameleira, Pernambuco, elege a vereadora mais votada da sua história

Em Foco: A Valorização do Professor

Uma pandemia de diagnósticos