A seita que dói menos
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Imagem gerada por IA. |
Que
hoje podemos dizer que há igrejas conforme o freguês, ninguém tem dúvidas. Mas
há também aquelas que são tão "ao gosto do homem" que sequer podem
ser classificadas como igrejas cristãs verdadeiras.
Estou
falando das chamadas seitas, grupos de autodeclarados cristãos que, além da
Bíblia, têm também outras formas de revelação. Quando a religião em questão não
é a cristã, por óbvio, ela pode ter e seguir exatamente qualquer doutrina, mas,
sendo ela cristã, o que se espera é que tenha na Bíblia Sagrada a sua
"constituição", a sua última palavra.
Os
crentes que têm em revelações extrabíblicas a sua fé, por assim dizer, poderiam
ser chamados de neoconstitucionalistas; eles têm a Bíblia, até creem nela, mas
não levam em conta o que ela diz de fato. Se a Bíblia diz algo, mas eles não
concordam, logo cuidam de reinterpretá-la ou então apoiam-se em seus gurus,
pseudo-trazedores de novas e maiores verdades.
Outra
coisa comum a todas as seitas é o seu exclusivismo, por isso, os seus membros
são doutrinados a pensar que, fora daquela "igreja", não há salvação.
Tal pensamento, no entanto, não tem sua origem nos textos sagrados, mas em
algum líder fundador, tido como ungido, inquestionável, que não se diz "a
luz", mas uma "luz menor".
É
claro que você certamente já ouviu alguma igreja evangélica com esse discurso,
mas ele não é apenas protestante. O principal pregador dessa ideia é a Igreja
Católica Apostólica Romana, que diz, inclusive, ter sido fundada por Jesus.
Óbvio que isso não é uma verdade; nenhuma denominação detém o monopólio do
caminho do céu. A salvação é alcançada unicamente pela fé, não em uma
instituição, mas no Filho de Deus.
Diferente
do que poderíamos imaginar, as seitas não são apenas lugares de opressão,
abandono do intelecto e estigmatização das demais denominações, mas também
lugares onde você pode desenvolver muitas áreas da sua vida. Tudo o que você
precisará dar em troca será o seu dinheiro, suas vontades e todos os seus
direitos de decidir sobre coisas mínimas da sua vida.
As
seitas são extremamente autoritárias e controlam tudo na vida dos seus membros.
Decidem, por exemplo: o que e em quem você deve crer; as roupas que poderá ou
não usar; o jeito que poderá ou não falar; as pessoas com quem você poderá ou
não se relacionar. Há até aquelas que obrigam a romper com laços familiares
caso a sua família não seja da mesma fé. Reflita: há algo de cristão nisso? Há
algo de humano? Isso pode, em alguma medida, ser associado ao divino?
Muitos
incautos poderão dizer que submeter-se a regras que nem Deus impôs pode ser
visto como um ato extremo de fé. Mas, na verdade, não passa de pura e simples
alienação, subjugação e desprezo pela capacidade de pensar. Ser cristão, ter
uma fé verdadeira e sólida, não implica aceitar tudo o que é dito, crer sem
analisar, mas crer por entender – e entender pela Palavra.
Se
há uma razão para termos uma Escritura Sagrada para nos guiar, a justificativa
é clara: não podemos andar por nossas cabeças, nem ser guiados pela sabedoria
humana. Por isso, qualquer ensinamento que divirja daquilo que está escrito
pode não apenas ser uma heresia, mas uma heresia de perdição.
Há
heresias que são apenas equívocos interpretativos, mas há aquelas que se chocam
de frente com a Palavra de Deus. Guardar o sábado, por exemplo, não é um pecado
para um cristão; não guardá-lo também não. Mas há igrejas ditas cristãs que não
apenas pregam a guarda do sábado, mas promulgam-no como meio de salvação. E
dizem que aqueles que não o guardam serão condenados.
Dar o dízimo é um "mandamento" bíblico, e cumpri-lo é sinal de fé. No entanto, ninguém deve ser convencido de que não ser dizimista dará ao diabo poder sobre a sua vida ou o levará para o inferno. Isso significaria aniquilar o sacrifício de Jesus Cristo na cruz do Calvário. Tal pregação, por óbvio, é uma heresia diabólica, pois tira a primazia da obra de Deus e coloca nas obras do homem.
A
seita que dói menos é, portanto, qualquer uma entre tantas, pois elas podem até
ser capazes de convencer o homem de que está no caminho certo, fazendo-o crer
que é alguém especial por seguir fábulas e teorias cuja única utilidade é
inflar o ego do homem. Elas podem até parecer certas agora, mas, no final da
carreira, podem ter apenas um lago de fogo e enxofre.
Por
isso, voltemos à Palavra. Ela é, sempre foi e sempre será o bastante.
Não
precisamos de novos profetas, novas revelações nem um novo evangelho. Tudo o
que necessitamos é da simplicidade do evangelho. Nada além dele ou fora dele.
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