O perigo do progressismo na Igreja Evangélica

 

Imagem gerada por IA.

A primeira coisa que devemos entender antes de abordarmos esse assunto de importância crucial nos dias de hoje é que a ideologia progressista não é apenas mais um emaranhado de ideias sem importância, nem ação social.

Essa cosmovisão já está presente em todos os espaços da sociedade, começando pela educação e indo até as mais altas instâncias do judiciário. É a visão progressista, inclusive, que dá força ao ativismo judicial. Pois, dentro dessa perspectiva, as leis não importam, mas sim a aplicação que dela é feita.

Nesse sentido, o juiz já não julga o caso em si; antes de tudo, ele busca se inteirar sobre quem é a vítima e quem é o criminoso. Se perceber que um dos lados está alinhado à sua visão de mundo, este tende a ganhar a causa, ainda que, do ponto de vista do texto legal, não haja base para isso acontecer.

A função dessa corrente de pensamento, que em quase tudo se confunde com o socialismo e com o comunismo, é justamente o embate cultural, por todos os meios, especialmente, contra os princípios judaico-cristãos que são a base da maiores e mais democráticas sociedades do mundo.

Não se trata de ideias que possam ser conciliadas com os princípios cristãos, posto que uma é teocrática (centrada em Deus), enquanto o progressismo é uma teoria focada essencialmente no homem, em seus desejos e vontades, sejam eles quais forem.

Dentro do progressismo, as normas morais e o padrão familiar bíblico configuram-se como algo a ser combatido. Em termos mentais, assim como o crente não consegue separar sua fé dos seus discursos e do seu estilo de vida, o progressista tampouco conseguirá fazê-lo. Pois a verdade do coração é que enche a boca.

Logo, havendo dentro do homem duas visões de mundo contraditórias, este inevitavelmente viverá um eterno conflito de personalidade, sendo por vezes crente, sendo por outras progressista. Trata-se de uma espécie de crise de identidade, na qual a natureza humana, conhecendo a verdade celestial, não é capaz de abrir mão daquilo que, por assim dizer, também a definiu.

O Contexto Acadêmico

Estar numa faculdade por quatro anos e não ter a mentalidade reconfigurada é praticamente impossível. Por assim dizer, você será uma pessoa ao começar um curso e outra ao terminar, mesmo que não seja capaz de perceber.

Qualquer pessoa exposta a uma doutrina de maneira ininterrupta, por longos períodos e de várias formas, certamente tende a absorver o discurso pregado. Por isso, torna-se condicionada a responder a estímulos e não a pensar. E isso se prova na repetição de frases feitas e jargões manjados — muitas vezes um suco de bobagens que não dizem absolutamente nada, mas sempre estão na ponta da língua do neófito universitário.

Do ponto de vista ideológico, estar numa sala de aula de um curso superior assemelha-se muitíssimo a fazer parte de uma seita religiosa. O propósito, antes de tudo, é gerar uma mentalidade, alienar e, assim, impedir que quaisquer outras formas de análise sociológica sejam consideradas como meio de interpretação dos fenômenos socialmente manifestos.

Ao iniciar um curso universitário, seja ele qual for, o destino inevitável será a formatação de uma cosmovisão progressista, pressuposto que implica dividir as pessoas em grupos e, sob um discurso de aceitação e inclusão, estimular o ódio sob diversos vieses.

Como se diz na academia, a educação não é nem pode ser neutra. Ela é um instrumento de "transformação social", de domínio das classes e, dessa forma, de doutrinação ideológica, sob uma autodeclarada tendência pedagógica, de substância aparentemente messiânica, cujo objetivo é sempre enfatizar que, em todos os contextos, existe alguém sendo oprimido e alguém oprimindo.

1. Se falamos em crianças, elas podem estar sofrendo opressão por serem ensinadas a seguir papéis sociais relacionados ao seu sexo biológico. Por isso, é preciso desconstruir essa ideia de coisa de homem e coisa de mulher.

2. Se falamos das mulheres, é preciso convencê-las de que são vítimas da opressão masculina, de um sistema patriarcal cuja finalidade é impedir que sejam importantes socialmente. Elas precisam, por isso, ser engajadas e defensoras do ideário feminista. Caso não sejam, poderão ser atacadas e humilhadas publicamente.

3. Quando pensamos nos jovens, estes devem ser instruídos a combater os costumes dos seus pais. Sendo eles jovens religiosos e não associados à extrema-esquerda, serão considerados anormais, pessoas que precisam ser libertas do fascismo cristão, sobretudo.

4. Quando o foco da análise está em torno dos pobres e, em especial, dos nordestinos, você necessariamente precisará ser de esquerda. Pois a esquerda é quem gosta dos pobres, quem os defende... Por isso, não estar alinhado a determinados partidos é considerado uma traição, uma ingratidão. O pobre, dessa forma, não tem o direito de escolher nem de pensar por si.

5. No contexto eclesiástico, a estratégia progressista não está mais focada em um combate explícito ao cristianismo, mas no convencimento de que é perfeitamente possível ser um crente progressista e um progressista crente, não importando o quão controverso isso patentemente seja.

A lógica e a razão, nesse contexto, são assim como a verdade: elas simplesmente não existem. Tudo depende da subjetividade do indivíduo, daquilo que cada um conseguiu entender, aceitar e promover. O resultado disso não poderia ser outro senão uma utopia carregada de muita falta de senso.

Ideologia: um problema a ser combatido?

As ideologias no contexto educacional, em tese, não podem ser consideradas intrinsecamente ruins, desde que sejam diversas. No entanto, o que se nota é que não há espaço para ideias divergentes. O que há, sim, são muitos meios e técnicas para incutir no educando as mesmas ideias, convencendo-o de que a adoção integral do discurso oficial do status quo universitário tem o poder de catapultar até mesmo um analfabeto ao nível de intelectual gabaritado.

A premissa em si é contraditória e com raízes patentemente fascistas, pois o único entendimento possível é que o Estado deve salvar a todos; que os crentes só têm fé por serem ignorantes; e que somente a ciência aprovada pelo sistema é a verdade e tem poder de libertar o homem.

De posse disso, não seria exagero afirmar que, não tendo uma fé com uma forte base doutrinária, este pode não apenas ser "desconvertido", mas também ser tentado a introduzir em sua comunidade teorias antibíblicas que, em contextos socialistas, tendem a ser mescladas, adaptadas ou claramente combatidas.

Não por acaso, há pesquisas que apontam que mais de 50% dos jovens evangélicos acabam por abandonar a fé ao iniciar seus estudos acadêmicos. A universidade, de modo intencional, tornou-se um instrumento de negação da fé ou maculação da mesma.

Por isso, é comum que, muitas vezes, homens bem-intencionados acreditem e propaguem que a revelação bíblica está no mesmo nível de iluminação do conhecimento acadêmico ou, ainda pior, interpretem as Escrituras sob a ótica do progressismo, que, para muitos, tornou-se a verdade final.

Entender isso, estar atento à realidade e combater o bom combate em nome da fé é uma obrigação de todos os que sabem a verdade. Pois, quando a palavra de Deus deixa de ter a primazia em termos doutrinários, podemos não apenas estar nos perdendo, mas também levando outros à perdição. Este é o tempo difícil no qual os homens correm de um lado para o outro, buscando ouvir não a verdade bíblica, mas aquilo que os agrada.

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