O papel da cultura na salvação do crente

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Diferente do que muitos podem apregoar ou crer, os costumes locais e os usos pessoais não têm nenhuma influência na regeneração do homem pecador. Essa crença arraigada na mente de muitos tem a sua origem em tradições humanas, ideias oriundas de tempos nos quais a pouca instrução bíblica tinha a primeira e a última palavra.

Citando o contexto denominacional, é possível notar que, de acordo com a denominação, a interpretação dos textos bíblicos tende a ser adaptada, não para facilitar o entendimento dos menos doutos, mas para justificar na mente dos crentes aquilo que se convencionou chamar doutrina.

Sendo assim, em matéria de doutrina, cada “igreja” tem a sua, ou melhor, entende do seu próprio jeito e impõe aos que creem a observação irrestrita daquilo que se entende como meio de santificação “separação entre o crente e o descrente”. Se, por um lado, a ideia seria santificar, tais ensinamentos, na maioria das vezes, produzem unicamente uma coisa: pessoas fanatizadas e de pouca capacidade reflexiva.

Dessa forma, quaisquer pessoas que não se encaixem naquilo que se aprende dentro das quatro paredes denominacionais são tratadas como se fossem descrentes, ainda que concordem e creiam integralmente na mesma doutrina (ensinamento bíblico).

Tal fenômeno, obviamente, tem a sua origem na ignorância, mas, quando posto em prática, produz um único efeito: a cisão no corpo de Cristo. Jesus, o fundador da igreja e autor da nossa fé, se vivesse nos dias de hoje, certamente jamais seria considerado crente segundo essas regras dos homens. Pois, antes de observarem a palavra apostólica e os ensinamentos proféticos, estes buscariam saber se o Cristo estaria de acordo com as regras da sua denominação.

É claro que qualquer igreja tem o direito de orientar os seus membros a terem um determinado comportamento, mas essas orientações nunca podem superar os ensinamentos da Palavra, em especial porque sabemos, pela Bíblia, que a única forma de santificação possível é estar sob os ensinamentos de Jesus. Jesus disse: Santifica-os na palavra.

Por assim dizer, quando os homens tentam se justificar diante de Deus nos seus costumes, na longevidade das suas denominações ou nos dons que possuem ou acreditam possuir, estão, na verdade, desprezando o real motivo da nossa esperança: o sacrifício de Cristo na cruz do Calvário e a proposta de Deus para todo aquele que crer: arrependimento e volta a Deus.

É necessário lembrar que, caso houvesse meio de salvação além deste — o sacrifício do Filho de Deus —, logicamente, o Deus eterno jamais entregaria o seu Filho no Calvário. Por isso, nada podemos fazer senão crer verdadeiramente e confiar absolutamente na sua obra redentora. Ao olhar para nós, os que cremos, Deus não vê os nossos pecados, mas a justiça do seu Filho Jesus Cristo. Essa é a causa de não sermos consumidos.

Não podemos, de maneira alguma, tentar nos justificar dentro de uma proposta cultural, pelas roupas ou pelos usos, ainda que, de alguma medida, estes tenham algum significado. O que podemos, e isso devemos, é fazer como fez Abraão: crer no Senhor e ser justificado por Ele. É Deus quem salva, e nós não temos participação final nisso.

É dEle que vem a fé; Ele é também quem dá forma a ela, por isso, em relação à salvação e ao perdão, está escrito que isso é dom de Deus e nada tem a ver conosco, para que ninguém se glorie de si mesmo. Na sua Palavra, o Deus todo-poderoso deixa muito claro de muitas formas: “A minha glória não darei a outro.”

Por isso, precisamos educar as nossas mentes para crerem que, apesar de sermos seres culturais e estarmos envoltos em uma cultura, essa cultura não tem origem no céu, mas nas vivências humanas, e que, apesar disso, Deus não nos condena nem nos salva por sermos parte dela. Isso diz mais sobre a nossa experiência terrestre e nada diz sobre aquilo que Deus nos exige.

Acreditar que determinados modos de vestir ou de falar, podem ser meios de santificação, enfim, não tem nenhuma relevância prática. O problema que Deus vê em nós, e isso deseja mudar profundamente, é o nosso caráter, para que possamos, a cada dia mais, nos transformar em alguém que manifeste o Seu Filho. Por fim, é importante lembrar que nenhum dos apóstolos pertencia a nenhuma das nossas denominações, não se vestiam como nós e faziam coisas que, se nós víssemos, certamente o chamaríamos à conversão nos nossos padrões.

Lembre-se: Deus é espírito e não está preso a nenhuma convenção humana, tampouco se encaixa ou pode ser explicado pela sabedoria dos homens. Como cristãos verdadeiros, o que devemos de verdade é seguir os seus mandamentos, amando-o sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos.

A Bíblia não é um livro para inventar pecados, mas quando a interpretamos fora das regras e dos seus contextos, fazendo os textos dizerem o que não dizem, é para isso que ela serve. Por isso, estudar os textos sagrados a aplica-los com isenção, sem fazer prevalecer as nossas opiniões é a conduta cristã adequada. Fazendo assim, temos a certeza de que Deus está nos guiando e que de fato, estamos fazendo a sua obra.

 

 

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