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Mostrando postagens de fevereiro, 2025

Educar em diferentes contextos

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Imagem gerada por IA. A primeira de todas as exigências para quem precisa lidar com gente deveria ser esta: gostar de gente. Esse gosto, creio, não nasce com a gente, mas pode ser aprendido, à medida que nos tornamos capazes de enxergar no outro um pouco de nós mesmos. Gostar de gente, ter apreço por pessoas e por suas peculiaridades, não significa, de modo algum, ser complacente com seus equívocos, mas utilizá-los como oportunidade para construir algo positivo. O objetivo das relações humanas é criar conexões bilaterais, e não evitá-las. Por isso, gostar de gente é um ingrediente insubstituível nos encontros humanos, independentemente do contexto. Um erro, em essência, pode não ser algo ruim, mas uma oportunidade de analisar a realidade e, assim, tomar medidas efetivas sobre ela. Compreender essa verdade transforma qualquer problema em uma grande chance de evoluir e crescer junto com o outro. No contexto familiar , por exemplo, ao perceber um comportamento inadequado, é fundam...

Há escolas que são

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Imagem gerada por IA. “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.” A célebre frase do teólogo e educador Rubem Alves nunca fez tanto sentido nem esteve tão atual como nos dias de hoje. Digo isso porque, em minha análise, de modo geral, nossas escolas, em muitas situações, transformaram-se em um grande amontoado de pessoas. Nelas, diferentemente do que poderíamos imaginar, dada a sua natureza intrínseca, tudo já está previamente definido — e ai de quem ousar sair da linha. Sonhadores não podem sonhar, exceto os sonhos que alguém já determinou, e poucos são aqueles que ousam perguntar: quem é você? No sistema, curiosamente, você pode ser levado a esquecer que é uma pessoa, um indivíduo, alguém com personalidade e com direitos. É estranho perceber isso, mas essa é mesmo a realidade. E, quando digo realidade, não me refiro aos discursos acadêmicos carregados de idealismo, mas àquilo que realmente ocorre no chão da fábrica. Isso não lembra, de alguma forma, as prisões? Não ...

Ego

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Imagem criada pelo chatGPT para ilustrar o texto. Eu cresci num mundo que sempre foi só meu. Nele, existiam apenas dois tipos de pessoas: as que eram eu e as outras, que se pareciam muito comigo. Bem, na verdade, eu não queria falar, mas era de mim mesmo que estava falando. Não havia mais ninguém. Cresci, por isso, com a certeza de que sempre estive certo. Afinal, eu só falava comigo mesmo e sempre me entendia muito bem. Eu nunca, nunca mesmo, jamais briguei comigo. Pois, é claro, nós — quer dizer, eu — sempre estivemos certos e com toda a razão possível, imaginável e inimaginável. Quando eu tinha alguma dúvida, perguntava a mim mesmo. E, claro, como já imaginava, eu tinha a resposta. Não qualquer resposta, mas a melhor entre as melhores. Outras vozes soavam próximas aos meus ouvidos. Mas por que eu daria atenção a alguém que não fosse eu mesmo? Eu sei o que sou, o que digo, o que faço e sei que sempre tenho razão. Se não tenho, ninguém jamais me disse. Mas, caso alguém ousasse d...

Como identificar uma igreja cristã verdadeira?

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Imagem gerada por IA. Vivemos em um tempo no qual o evangelho é servido à la carte, ou seja, as pessoas escolhem a igreja onde vão congregar de acordo com o que ali se prega, para evitar qualquer tipo de desconforto. Assim, a mensagem de Cristo tornou-se um produto – um produto que precisa ser servido ao gosto do consumidor, pois, como diz o jargão: quem paga a banda escolhe a música . Por isso, a presença de uma igreja dita cristã próxima à sua casa não significa, necessariamente, que ali se esteja pregando o verdadeiro evangelho ou que haja uma obra de Deus sendo feita. Pode ser apenas um negócio familiar, uma seita ou uma empresa disfarçada de igreja evangélica. Mas como saber se uma igreja faz parte da verdadeira Igreja? Basta observar a vida da liderança (ela condiz com o cristianismo?) e a mensagem que é pregada (é bíblica ou baseada em teorias e opiniões humanas?). O foco das pregações está na propagação do medo? No dinheiro como moeda de troca por bênçãos? Em doutrinas não ...

Por que não aprendemos a escrever?

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  Imagem gerada por IA. Escrever e colocar as ideias no papel tem se mostrado um gigantesco desafio para a maioria das pessoas, em especial para os mais jovens. Oriundos da educação básica e pública que nitidamente é deficitária quanto a sua prática pedagógica leitora. Todos somos capazes de falar e argumentar com razoável qualidade, pois naturalmente conversamos, mas, quando se trata de escrever, aí então dá aquele branco — uma verdadeira sensação de pânico, na qual as pessoas se perdem. Mas como superar essa barreira, muitas vezes, aparentemente de natureza mental? Tudo começa por ser capaz de avaliar as próprias habilidades. Por isso, algumas perguntas devem ser feitas: o que eu sei? O que eu não sei? Como posso aprender aquilo que eu não sei? Quem pode me ajudar com orientações realmente úteis? De posse disso, o caminho é pôr as mãos à obra. Ou seja, treinar, treinar e treinar. Assim como os nossos músculos se desenvolvem com a prática de exercícios físicos, o nosso céreb...

O ser professor

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  Imagem gerada por IA. Ser professor, como qualquer outra profissão, exige o que se costuma chamar de vocação. Não no sentido, sacerdotal, é claro, mas no sentido de que exige uma grande paixão e identificação pelo fazer. Se o professor, não detiver essa característica, a meu ver, fundamental, o seu trabalho sempre será um fardo para ele e o seu fazer pedagógico, não será capaz de formar alunos apaixonados pelo conhecimento. E, esse, sem sombra de dúvidas, é o grande xis da questão. Praticamente, todo o conhecimento necessário a qualquer pessoa, pode muito bem ser acessado sem a intermediação de um profissional da educação, no entanto, fazer alguém se apaixonar pelo conhecimento, isso, essencialmente, só o professor é capaz de fazer. Se o professor não possui a característica vocacional, as suas aulas são apenas aulas, uma produção de chatice e cansaço, sem nenhum aprendizado significativo, mas, quando o este é apaixonado pelo que faz, cada aula sua é uma mistura de ciência ...

Cada macaco no seu galho

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  Imagem gerada por IA. Dizem que o lugar de cada macaco é no seu próprio galho. Querendo dizer que cada um deve ocupar o lugar que lhe cabe e jamais o lugar do outro – cuidar da própria vida. Mas, e você, está no seu galho? Está mesmo ou pensa que está? Se não está, não está, por quê? A vida de cada um de nós sempre será mais simples de ser vivida se nós soubermos qual é o nosso lugar no mundo. E, claro, também na vida das pessoas. Aliás, tudo gira em torno de pessoas. Pessoas que vem, pessoas que vão, pessoas que ocupam espaços, pessoas que precisam ocupá-los, pessoas que quando saem deixam um espaço enorme e pessoas que precisam sair para deixar mais espaço. Você está no seu espaço? No seu galho? Está fazendo o que se pede ou indo além do esperado e sendo proativo? Nesse galho lhe cabe ou você precisa ser quem não é para estar nele? Esteja disponível, mas cuidado com o excesso de prontidão. Pessoas muito esforçadas e muito dedicadas nem sempre são bem-vistas. Muitas vezes se...

Educar ou castigar? E por quê?

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Imagem gerada por IA. Antigamente, para educar uma criança ou jovem, os pais entendiam que bater era a única saída possível. Se os filhos não obedecessem por bem, então obedeceriam por mal — devido ao medo e à dor que um espancamento poderia causar. As crianças apanhavam, mas nem por isso eram educadas. E, se obedeciam, era por medo, e não por terem aprendido alguma lição importante. Essa “concepção educativa”, que vem dos mais antigos e foi repassada de geração em geração, se mantém em muitos casos até os dias de hoje, perpetuando a ideia de que a única forma de educar é por meio de castigos físicos e humilhações. Há até quem atribua o bom caráter que possui às muitas surras que recebeu na infância. Acreditar que castigos físicos podem moldar o caráter de alguém é um direito de qualquer um. No entanto, educar exige muito mais do que isso — implica em mostrar caminhos e não apenas em impor vontades. A cultura de repensar o ato de educar precisa ser implementada. Precisamos aceitar que ...

Socialistas não praticantes

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Imagem gerada por IA. Durante muito tempo eu fui condicionado a pensar que Cuba era uma espécie de paraíso terrestre. Quem me condicionou? A mídia e também a escola. O que eu ouvia era que em Cuba tudo funciona, que lá não havia analfabetos, desempregados, nem pessoas em situação de pobreza e que a saúde lá era de primeiro mundo. No entanto, o tempo passou, surgiram as tecnologias de informação, as redes sociais e por essa causa as escamas dos meus olhos caíram. Eu não sabia, por exemplo, que Fidel Castro era um ditador, a mídia, o chamava de presidente e eu sempre acreditei nos jornalistas, afinal, o trabalho deles era noticiar e eles nunca mentiriam nem divulgariam narrativas. Além disso, os presidentes da minha época de adolescente, todos socialistas, sempre viajavam à Cuba para beijar as mãos de Fidel. Isso não seria algo bom? A mídia nunca fazia uma crítica ao regime cubano, então a imagem que eu tinha era de que tudo aquilo era maravilhoso. Cuba era um exemplo a ser seguido...

Para se comunicar bem, escreva errado

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Imagem gerada por IA. Antigamente, as redes sociais sempre estavam cheias de memes super engraçados de professores de português tendo ataques cardíacos ao lerem os textos nas postagens de seus alunos. O motivo? Os muitos erros, é claro.   De sério na piada, só mesmo a realidade, que exemplifica com exatidão o que se passa no mundo real. Pois raramente você encontra, nas redes, alguém que realmente saiba escrever com razoável qualidade.   Nos últimos tempos, no entanto, tenho percebido um fenômeno que tem me chamado a atenção: escrever corretamente nas redes sociais pode ser a estratégia mais errada para se comunicar. Mas, em contrapartida, se você escrever errado, sem levar em conta as normas, poderá ser compreendido perfeitamente.   Por assim dizer, estamos diante de um fenômeno linguístico inédito, no qual escrever errado tornou-se a maneira certa de escrever. A título de exemplo, se você estiver tentando fazer uma pergunta, não precisa utilizar o sinal de interro...

A solução é proibir o celular?

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Imagem gerada por IA. Eu não sei você, mas eu vi com imensa estranheza e preocupação a aprovação da Lei 15.100/2025, que proíbe o uso de celulares nas escolas de todo o país. Ocorre que, no meu estado, Pernambuco, já foi feito algo semelhante anos atrás. O que mudou depois da lei? Absolutamente nada. Pois, imagine só, os professores já “regulavam” o uso dos aparelhos durante as aulas.   Sim, nós, os que estamos no chão da fábrica, sabemos que o uso de celulares em sala pode impedir ou atrapalhar a aprendizagem. Por isso, nós o proibimos. Simples assim. Não precisamos de leis, mas unicamente de dois neurônios funcionando. Os celulares não são, não foram e nunca serão um problema. Na pandemia, por exemplo, ele foi uma “solução”. O problema não é intrínseco ao aparelho, mas ao seu uso.   Também é válido pensarmos que as consequências da proibição imediata podem fazer surgir uma verdadeira crise de saúde mental, algo que, supostamente, se pretende evitar. Nós sabemos que os ce...

Eu discordo, mas respeito

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Imagem gerada por IA. A afirmativa que dá nome a este texto, em si, é uma grande falácia, pois, para respeitar alguma coisa, eu preciso concordar com ela. Logo, se eu discordo, intrinsecamente não há como respeitar verdadeiramente. Aquilo que eu respeito, obviamente eu aceito. Por essa causa, a gente precisa trocar o “eu discordo, mas respeito” pelo “eu discordo de você, mas reconheço o seu direito de pensar assim.” É questão de coerência cognitiva, de autopercepção da realidade e capacidade crítica de analisar as próprias ideias e conceitos. Vivemos num mundo no qual ser incoerente até com a própria maneira de pensar virou a regra, tudo por medo da tal famigerada polarização tão condenada na mídia e na boca dos “intelectuais e especialistas”. Mas então devemos nos questionar: desde quando o mundo foi feito de unanimidades? Obviamente, nunca. Desde que começaram os registros históricos, já se manifestaram as guerras e as lutas religiosas. Havia, sim, pontos comuns a todos, porém ...

O que eu penso sobre o capitalismo

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Imagem gerada por IA. Não sei você, mas eu sou um grande admirador do capitalismo. Afinal, é apenas em países capitalistas que qualquer pessoa pode ascender na vida — ou ao menos tem a possibilidade de tentar, caso queira. Não nego que, como sistema econômico, o capitalismo tem suas imperfeições. Mas que outro sistema seria ideal? O socialismo? Obviamente não. Tudo que o socialismo fez no mundo até hoje foi trazer desgraça. Basta observar os regimes totalitários que mataram milhões, tantos que sequer conseguimos contabilizar. O capitalismo não apenas é eficiente, mas também um meio eficaz de defesa da democracia. Apenas em sociedades regidas por esse modelo econômico os cidadãos podem criticar o governo e têm o dever de fazê-lo, já que o dinheiro que financia o Estado vem do povo. Dessa forma, uma coisa retroalimenta a outra. Sem capital, sequer haveria Estado. Afinal, como criar mecanismos de poder sem recursos para isso? O capitalismo, por ser essencialmente democrático, é tão in...

Odeie ideias, não pessoas

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Imagem gerada por IA. Estamos vivendo em um tempo em que praticamente tudo pode ser classificado como ofensa ou discurso de ódio. Basta discordar de alguém, independentemente da relevância do tema, para automaticamente entrar no rol dos "inimigos mortais." Chegamos ao ponto de vermos figuras relevantes no debate público reclamarem que o país está em crise por causa do confronto de ideias. Mas, considerando que vivemos em um país dito democrático, não deveria ser justamente essa a regra? A diversidade de opiniões e o embate de ideias não são pilares fundamentais da democracia? Somente em ditaduras as pessoas são impedidas de debater ou discordar. A força da democracia reside justamente no fato de pensarmos de forma diferente, discordarmos e debatermos, sem deixar de nos respeitar. Não saímos por aí nos agredindo — isso é papel de criminosos, não de cidadãos. Por isso, é sempre importante lembrar que está tudo bem odiar ou desprezar uma ideia ou corrente ideológica. Contu...