Hierarquia com humanidade
![]() |
Imagem gerada por IA. |
Não
sei quando o conceito de hierarquia foi criado, mas não há nenhuma dúvida de
que esse preceito prevalece em toda e qualquer relação, em todo e qualquer
lugar, com todas e quaisquer pessoas. Negar isso é tentar tapar o sol com a
peneira.
Hierarquia
importa, sim, e, para algumas pessoas, é mais do que uma questão de ordem, mas
de autopercepção. Nesses casos, a pessoa e a sua posição se confundem. Ou
melhor, a pessoa confunde a si mesma com o seu status.
Já
tive o desprazer de conviver com gente desse perfil e, obviamente, foi uma
experiência muito traumática em vários aspectos, não apenas para mim, mas para
todos os demais colegas. A razão é que a pessoa em questão vivia falando o
tempo todo que ocupava determinado cargo e que, por isso, deveria ser
respeitada. Desse modo, tentava se fazer importante.
Ou
seja, por causa da posição hierárquica, não era uma pessoa se relacionando com
outras pessoas dentro de um sistema de colaboração mútua, mas um cargo se
relacionando com pessoas tacitamente inferiores, não apenas em posição, mas
também como indivíduos.
Ocorre
que, independentemente do contexto, as pessoas, apesar de ocuparem lugares
diferentes dos nossos, ainda são tão gente quanto a gente. E, antes de tudo,
esperam ser levadas em conta nos relacionamentos interpessoais, ainda que
estejam em seu ambiente laboral.
Há
quem diga que uns são chefes, já outros são líderes, e que a diferença não
reside apenas no substantivo, mas no modo de tratamento. O chefe deseja ser
visto como superior e tratado como alguém especial, sem defeitos,
inquestionável. Já o líder é alguém que, mesmo ocupando posição de chefia, sabe
comunicar ideias de maneira assertiva e, além disso, deixa claro que não é
superior a ninguém por ter outras obrigações.
Já
imaginou conviver com um chefe inseguro? Pessoas assim são péssimas para
liderar, pois não agem com profissionalismo. Antes de tudo, exigem algum nível
de bajulação, tornando a vida daqueles que as circundam um eterno pisar em
ovos. No fim, o que importa não é alcançar o sucesso, mas deixar o chefe
satisfeito, sendo ele quem fica com os louros.
Tais
pessoas não querem conviver com gente competente; seus egos simplesmente não
suportam a ideia de que há pessoas tão boas quanto elas, ou quem sabe ainda
melhores. Elas não aceitam, por exemplo, ouvir opiniões de pessoas
"menores" em termos financeiros. Para elas, o dinheiro que possuem as
torna superiores.
Gente
competente aprende com gente competente; já os incompetentes concentram-se em
enfatizar as debilidades alheias, tendo por finalidade desviar o foco de si
mesmos. Realmente, conviver com gente assim é ser forçado a tomar veneno em
doses homeopáticas e morrer aos poucos.
A
conclusão é: hierarquia importa, regras importam. No entanto, isso não invalida
nem anula as pessoas nem o seu valor intrínseco. Antes de olharmos para alguém
que faz alguma coisa, é necessário olhar para a pessoa que está diante dos
nossos olhos. Afinal, quem não aprendeu a ver no outro alguém, na verdade, não
sabe o próprio valor.
Comentários
Postar um comentário