Em tempos de política, pensemos os políticos!
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Imagem gerada por IA. |
Desde a infância, tenho ouvido que ser político é coisa de bandido. Se considerarmos o cenário histórico brasileiro, com seus inúmeros escândalos de corrupção, realmente é difícil negar essa premissa. Mais do que apenas um possível preconceito, essa concepção é cultural. Se é político, logo é bandido. Se não é bandido jamais será político – essa é uma crença inescapável.
· Há anos eu propus uma atividade na sala de aula cujo objetivo era simular uma eleição. Sem exceção, “os candidatos” prometiam dar vantagem aos que votassem neles. Não é assim que agem os políticos que conhecemos?
O fato é que ninguém, em sã consciência, cria um filho educando-o para ser ladrão. No entanto, quando se trata da política brasileira, parece que ser alguém de caráter duvidoso e disputar um cargo eletivo é quase uma exigência coletiva para se tornar candidato. Se algum político ousar ser diferente dos demais, dificilmente sobreviverá ao sistema.
· Num sistema, ou você se alia ao que já está estabelecido ou então será destruído. Pode ser politicamente, moralmente ou até fisicamente. Mas toda escolha exige renúncia.
No final das contas, a população, de maneira geral, fica refém do "ruim" e do "menos pior". Raramente há, de fato, uma proposta política no sentido original da palavra. O que temos de fazer é escolher alguém que prometeu nos ajudar ou que, quem sabe, já tenha nos ajudado com uma módica quantia. Como escapar desse status quo? Sendo realista, isso seria possível? Dá para caminhar na lama sem se sujar?
· Dá sim, mas isso é questão particular de cada um. Tem a ver com o seu caráter e com seus valores. Aqui mora a diferença entre ter um discurso e pô-lo em prática. Quantos bons políticos você já viu em matérias na TV? Fazer o que é certo não dá ibope.
Nesse cenário, como vislumbrar uma verdadeira democracia, visto que o povo não escolhe de fato? Digo isso porque é visível que não há escolhas críticas, embasadas e livres. Os "capitães do mato" ainda estão com seus chicotes em mãos, e os coronéis ainda estão acima das leis. Leis essas que existem unicamente para garantir que eles, os donos do poder, permaneçam impunes ao trair o povo que dizem representar.
· Você se sente representado pelos políticos que você elegeu? Você se lembra em quem votou? Como você enxerga o politico mais próximo da sua casa? Ele é seu funcionário ou seu patrão? Você pode discordar dele sem se sentir, de alguma forma, ameaçado (a)?
O exemplo dado pelos fatos históricos citados é, obviamente, uma alusão. Mas, se examinarmos o contexto, veremos que os mesmos valores e comportamentos continuam a se perpetuar ao longo da história. Tudo isso para garantir que as coisas mudem de nome, mas não de essência, e que cada um permaneça exatamente onde sempre esteve. Liberdade, mesmo que seja apenas para pensar, ainda é um privilégio de poucos.
· Mas o que é pensar? Como saber se penso ou apenas reproduzo discursos de pessoas que admiro ou que detém alguma espécie de “autoridade” acadêmica? Não creio que haja uma resposta exata para a pergunta, mas investigar o assunto sob mais de uma proposição é fundamental. A gente deveria começar por ai.
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