Ele não sabia
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Imagem gerada por IA. |
Em
um lugar não muito distante, logo ali nas redondezas, nasceu uma pequena
arara-azul chamada Cido. Cido era igual a todas as outras aves da sua espécie,
porém algo nele chamava atenção. Ele não voava.
Sua
mãe e seu pai nunca entenderam o porquê, mas decidiram dar tempo ao passarinho.
Quem sabe um dia ele despertaria? Os anos foram passando e nada, nem um sinal
de que, em algum momento, Cido alçaria voo e se misturaria ao azul do céu.
Um,
dois, três, dez anos se passaram e nada. Até que um dia, um de seus colegas,
também uma arara, mas de penas vermelhas, resolveu lhe perguntar:
–
Cido, por que você não vem voar com a gente?
–
Voar? Como assim? Por que eu faria isso?
–
Bem, Cido, se você voar conosco, poderá comer frutas mais maduras e mais doces.
Além disso, quem sabe encontrará um lugar melhor para viver e construir uma
família de ararinhas.
–
Mas eu não sei voar – disse Cido.
–
Não sabe? Como não? Todos nós, pássaros, sabemos voar. Suas asas estão doentes?
–
Não, nada disso – respondeu Cido.
–
Então suba aqui pelo tronco da palmeira que vamos te ensinar a voar.
Ouvindo
isso, devagarzinho Cido subiu e, logo de primeira, decolou rumo às alturas.
Cido era como qualquer outra ave da floresta, mas ninguém jamais lhe dissera
que ele poderia voar, se assim desejasse. Cido voou e nunca mais parou. Daquele
dia em diante, ele deixou de comer os restos do chão e passou a colher as
frutas das grandes árvores.
Conclusão
O
saber tem o poder de fazer qualquer “arara” voar, assim como a educação pode
transformar a vida de qualquer pessoa. Por isso, negar educação de qualidade
continua sendo uma das políticas públicas mais eficazes e bem-sucedidas dos
políticos brasileiros. Para os filhos dos pobres, aqueles que não sabem que
podem voar, qualquer escola serve, qualquer professor serve, qualquer merenda
serve. E, se não estiver dando certo bom, a gente faz de conta que está tudo
bem.
As
araras precisam ser avisadas de que foram feitas para voar, que o chão não é o
seu lugar, que elas não precisam se agarrar aos limites, mas sim aos ventos,
que, sem nada pedir, são o combustível de suas asas. Elas precisam saber que
podem voar.
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