Da felicidade ninguém esquece
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Imagem gerada por AI. |
Nós
éramos felizes e não sabíamos. Sim, senhores, nós éramos muito felizes, pois já
houve um tempo no qual os ministros da Suprema Corte do Brasil apenas julgavam
as demandas que a eles chegavam. Nós não os víamos em telejornais, nem dando
declarações politizadas.
Hoje,
no entanto, ninguém lembra mais da nossa velha felicidade. Ela morreu. Foi
assassinada no momento em que os juízes invadiram as competências de outros
poderes e passaram a dar mais entrevistas e fazer mais análises políticas do
que os homens e mulheres que foram eleitos por todos nós para falar em nossos
nomes.
É
óbvio que alguém que ocupa um cargo em uma corte, seja ela qual for, tem
direito às suas convicções, crenças, ideologias e valores. Mas, quando eles
passam a dizer como as coisas deveriam ser e se dão o direito de advogar causas
que assumem sociais, as coisas se desequilibram.
A
minha primeira lembrança com a sigla STF, lembro-me bem, vem do ano de 2003. O
motivo dela é que um ex-patrão do meu pai teve, à época, uma de suas fazendas
invadidas. A turma do MST destruiu e queimou quase tudo. O que resguardou os
direitos daquele empregador? Uma decisão do STF.
Na
minha cabeça, o STF era um lugar de pessoas acima da média. Quando as causas
difíceis do povo chegavam lá, logo poderiam ser resolvidas. Era assim, mas não
é mais. Uma prova disso é que os atuais ocupantes das 11 cadeiras do STF não
conseguem transitar livremente sem serem interpelados, praticamente em nenhum
lugar do mundo.
Ora,
isso parece normal? Parece razoável? Óbvio que não! Mas o que tem motivado
tanta revolta popular contra juízes? O uso político do cargo que alguns deles
têm feito. São muito mais do que declarações anormais e suposições; são ações
claras e inequívocas. Isso ocorre, por exemplo, quando um Ministro não se
constrange em declarar-se inimigo político de um candidato ou quando diz que é
“necessário combater” algum lado do espectro político.
Não
me sinto feliz neste cenário. Desejo fragorosamente que esse momento histórico
passe logo e que cada poder volte ao seu lugar. Não quero saber o que os juízes
têm a dizer senão em suas sentenças, nem quero que tentem influenciar o meu
voto. O meu voto não é assunto de ninguém, nem mesmo de alguém com supostas
boas intenções de salvar o mundo e a democracia. Se somos pessoas com alguma
iluminação, apliquemo-la a nós mesmos. Proselitismo, só aceito se for
religioso. Mas também posso rejeitá-lo, se quiser.
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