O voto de quinhentos reais

 

Imagem gerada por IA.

Hoje me recordei de uma cena que aconteceu comigo em 2012. Enquanto discutíamos as eleições municipais daquele ano, um colega, sem nenhum constrangimento, disse já ter conseguido quinhentos reais pelo seu voto. Mas como ele conseguiu essa façanha? Ele vendeu o mesmo voto para vários candidatos. Por isso, até aquele momento, o montante alcançado era de quinhentos reais. Mas ele garantiu que iria conseguir muito mais.

Quanto vale um voto? Certamente você dirá que o voto não tem preço, mas consequência. No entanto, se você for parte da média dos eleitores brasileiros, você não apenas será capaz de dizer quanto vale um voto, como também será capaz de monetizá-lo muito bem.            

É impossível ser brasileiro e nunca ter ouvido “eu só voto em quem me der alguma coisa”. Essa perspectiva reflete a total desconfiança do eleitor com os candidatos. Pensa o votante: “depois de eleito, esse sujeito vai passar quatro anos roubando e nunca mais volta aqui”, por isso é melhor eu garantir alguma vantagem agora.                                   

Por outro lado, os candidatos sentem-se na obrigação de “recompensar” o seu eleitor de alguma forma, pois sabem que não é uma questão de consciência e decisão democrática, mas de compra de voto. Na maioria das vezes, se você não entrar no jogo do eleitor, nem pense em ser votado. O povo reclama que os políticos são desonestos, mas, e o eleitor, é honesto?                                                            

Sendo assim, em se tratando de Brasil, quando o assunto é eleição, na maioria das vezes, não há outra coisa senão um acordo tácito de não acusação em que ambas as partes se comprometem a roubar juntas.

O eleitor rouba antes e o candidato, se for eleito e desonesto, rouba depois. Não é justo reclamar, o nosso político nada mais é do que a perfeita representação do nosso povo. Na verdade, a maioria da população não tem moral para cobrar, afinal, já foi paga antes do pleito.

 


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